Bottom line: As Minutas da reunião de novembro indicam que o Banco Central está confortável com a sua estratégia de cortes de juros a um ritmo de 50bps por reunião, pelo menos durante os próximos meses. Emergem sinais de alerta, mas nada que sugira uma mudança no plano de voo. Esperamos SELIC terminal de 11,75%a.a. em 2023 e de 9,00%a.a. em 2024, a ser atingida no terceiro trimestre do ano que vem. No nosso cenário, a meta não será cumprida, mas não haverá infração do regime de metas de inflação.
As Minutas da reunião do COPOM de novembro deixaram claro o maior desconforto com o cenário externo, chegando, no limite, a tornar o balanço de riscos assimétrico (inflação mais elevada) para um membro do Comitê. A imensa maioria vê, no entanto, que a piora do cenário externo é um fator de elevação de incerteza, demandando maior atenção e cautela na condução da política monetária. Em grande medida, as decisões do Comitê se voltam ao cenário doméstico, que contrapõe um desempenho benigno da inflação e evidências recentes de moderação da atividade a expectativas desancoradas, elevação das projeções condicionais e hiato do produto mais apertado.
Do saldo líquidos destes fatores, emerge uma autoridade monetária que está confortável com o seu plano de ação, corroborando, assim, a estratégia de cortes de 50bps nas próximas reuniões. A manutenção desta estratégia e o alcance do ciclo de flexibilização monetária não estão escritos em pedra, sendo avaliados em função da evolução do cenário. Nesse aspecto, o aumento da incerteza fiscal, nisso incluindo uma mudança na sua natureza (agora, não sabe ao certo qual será a meta), é motivo de atenção - mas que não justifica mudanças na estratégia atual.
Note-se, por fim, que o Banco Central suprimiu qualquer debate sobre uma aceleração do ritmo de cortes, tal como existia na Minuta da reunião de setembro. Não há, também, qualquer discussão organizada sobre condicionantes de uma redução do ritmo de cortes, como muitos analistas passaram a defender nas últimas semanas. Parece-nos que a autoridade monetária sinalizou de forma consistente e coerente com a sua avaliação do cenário; o ritmo de 50bps é uma velocidade de cruzeiro, pelo menos nos próximos meses.
Em conclusão, a Minuta de novembro confirma a nossa avaliação quanto à atuação do Comitê. Esperamos um longo ciclo de cortes de juros, a uma velocidade de 50bps, até o 3º trimestre de 2024. Com um ajuste de final de 25bps, esperamos taxa Selic terminal de 9,00%a.a. na reunião de setembro de 2024. Entendemos que o objetivo, de facto, é manter as projeções de inflação dentro da banda de oscilação autorizada para o biênio 2024-2025; nesse sentido, esse orçamento de cortes de juros nos parece consistente com projeções de IPCA que não superam 4,5%.
Comentários específicos sobre trechos das Minutas podem ser vistos abaixo. Como sempre, texto anterior em vermelho e novo texto sublinhado, com grifos onde julgamos necessário.
Atas do Comitê de Política Monetária - Copom
257ª258ª Reunião - 19-20 setembro31 outubro - 1
novembro, 2023
Data de
publicação: 26/0907/11/2023
(1) Cenário externo: Cenário piora e é definido como adverso, incluindo elevação dos juros americanos, resiliência da inflação subjacente, novas tensões geopolíticas e necessidade de convergir a inflação em ambiente de mercado de trabalho pressionado. Atenção e cautela demandadas pelos emergentes (sinal mais hawk vindo de fora).
1. O
ambiente externo mostra-se adverso, em função da
elevação das taxas de juros de prazos mais incerto,
com a continuidade do processo de desinflação, a despeito de longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos
de inflação em níveis ainda elevados e
resiliência nos mercados de trabalho de em diversos
países. Em paralelo, os e de novas tensões
geopolíticas.
2.
Os bancos centrais das principais economias seguempermanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas,
seja dando continuidade a seus ciclos de aperto monetário, seja sinalizando um
período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias
ou indicando um período de pausa ainda em um ciclo de elevação de juros.
2. em
um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O
Comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo
dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambas
exigindo maioravalia que o cenário exige atenção e
cautela por parte de países emergentes.
3. No
âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes indica um cenário de
maior resiliência da de atividade
econômica. Os segue consistente
com o cenário de desaceleração esperado pelo Comitê. Nota-se uma desaceleração
nos dados de atividade referentes à
atividade econômica do segundo trimestrea agosto,
em particular a divulgação do PIB, indicam que setores não
cíclicos da economia mantiveram dinamismo, mas também se observou um
crescimento no componente da demanda referente ao consumo das famílias. De modo
geral, nos indicadores setoriais, observou-se alguma desaceleração no setor de
comércio, moderada reaceleração na indústria e estabilidade do crescimento no
setor deem serviços, após ritmo mais
forte nos trimestres anteriores. O. Por outro lado, o mercado de trabalho segue resilienteaquecido,
mas comapresenta alguma moderação na margem.
4. A
inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com
uma dinâmica corrente maiscomposição benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos
núcleos de inflação. Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis
ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia
inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta. As
expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus
encontram-se em torno de 4,96%, 3,9%
e 3,5%, respectivamente.
B) Cenários e análise de riscos
5. No
cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa
Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,9025,002,
evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo
segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a
aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira
tarifária “verde” em dezembro de 2023, de 2024 e de 2025. Nesse cenário, as
projeções de inflação do Copom situam-se em 5,04,7%
para 2023, 3,56% para
2024 e 3,12% para
2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,59,3%
para 2023, 4,5,0% para
2024 e 3,6% para 2025.
6. O
Comitê avalia que a conjuntura internacional se mostra incerta. Observa-se
um processo adversa. Passado o primeiro movimento de
desinflação, que refletiu o decorrente da
normalização das cadeias produtivas, dos efeitos iniciais dos apertos de
política monetária e do arrefecimento das pressões sobre commodities após , o Comitê se deteve sobre as fontes de desinflação
para os impactos iniciais da guerra na Ucrânia, os efeitos
iniciais do aperto de política monetária global e a normalização das cadeias de
produção, porémpróximos trimestres. Em um contexto geopolítico
incerto, com recuo lento nos núcleos de inflação.
Prospectivamente, restam incertezas sobre a dinâmica da inflação global. Os
riscos referentes a fenômenos climáticos, guerra na Ucrânia e política
internacional de preços de petróleo sugerem a possibilidade de renovadas
pressões inflacionárias de oferta. A isso somam-se a resiliência do um mercado
de trabalho aquecido e um hiato do produto
apertado nas economias avançadas, em ambiente de
inflação de serviços ainda pressionada em diversas economias. Por outro lado,
permanece a determinação dos bancos centrais em controlar a inflação por meio
da manutenção do aperto da política monetária por período mais o
Comitê avalia que a estratégia de aperto monetário prolongado.
As políticas monetárias restritivas dos países avançados têm sido fundamentais tem sido fundamental para conter a inflação mundial, facilitando o
controle inflacionário dos países emergentes. De todo modoPor
outro lado, o aperto monetário global pode ter impactotrazer
pressões sobre oso câmbio e impactar o
preço dos ativos domésticos, o que levaria acontribuindo
para um processo desinflacionário interno mais lento no curto
prazo.
7.
O cenário de crescimento global tem sido marcado pela resiliência da atividade
e do mercado de trabalho nos Estados Unidos, em contraposição a um menor
crescimento projetado para a economia chinesa. Nesse contexto, alguns membros
atribuem maior probabilidade a uma moderação suave na atividade das principais
economias, em particular a 7. Os riscos em torno
do cenário global cresceram. A elevação das taxas de juros de longo prazo nos
Estados Unidos restringe as condições financeiras, mas ainda é incerta a defasagem
e a magnitude desse impacto sobre a atividade econômica norte-americana, ainda que não se descarte uma desaceleração mais
brusca. Por outro lado, alguns membros seguiram enfatizando os riscos de uma
desaceleração sincronizada. Em sua discussão, o Comitê avalia que parte da
redução de crescimento da economia chinesa é estrutural, mas a magnitude das
respostas contracíclicas que podem vir a ser implementadas ajudará a definir
não só a dinâmica de crescimento, como seus impactos sobre os preços de commodities e
sobre a economia brasileira.
(2) Foco nos desdobramentos externos recentes: Comentários adicionais foram feitos a respeito dos juros externos mais elevados e dos potenciais efeitos da conjuntura, inclusive geopolítica, nos preços de petróleo e na taxa de câmbio. Há desafios à rolagem de dívidas em ambiente de juros externos mais elevados, e, ao menos por enquanto, os impactos no petróleo e na taxa de câmbio foram limitados. Há motivo para atenção e cautela, mas sem sinal de necessidade de reversão de curso.
8.
Com relaçãoque segue resiliente. Face à elevação
das taxas de juros de longo prazo nos países avançados,
o Comitê ponderou se tal movimento pode refletir percepção de elevação da taxa
neutra nesses países, aumento do produto potencial, iliquidez sazonal dos
mercados ou maior prêmio fiscal em função de déficits nominais persistentes.observada,
o Comitê discutiu, inicialmente, as possíveis razões desse fenômeno. Em sua discussão, o Comitê deu maior ênfase às perspectivas fiscais, em
particular nos Estados Unidos, e como isso
impactaria as condições financeiras globaisenfatizando seus
impactos sobre as condições financeiras globais. Também se discutiu como a
resiliência da economia norte-americana impactará a duração do aperto
necessária para a convergência da inflação nos Estados Unidos. Na visão de
alguns, o cenário atual é carregado de incerteza e a combinação do aperto
substancial das condições financeiras com a resiliência da atividade pode
tornar mais difícil o atingimento de um pouso suave.
9.
Ainda no cenário externo, o Comitê debateu as causas para a resiliência
observada na atividade econômica de diversas economias, concomitante ao
processo desinflacionário, mesmo diante de ciclos de aperto monetário
historicamente intensos. Alguns membros notaram impactos latentes de impulsos
fiscais ainda elevados em importantes economias. Entretanto, enfatizou-se que a
determinação dos bancos centrais em levar a inflação para a meta e a
credibilidade conquistada, permitindo uma ancoragem sólida das expectativas de
inflação, têm contribuído para a ocorrência de processos de desinflação
envolvendo menores sacrifícios em termos de atividade.
10.
No que se refere à atividade econômica doméstica, o Comitê travou um amplo
debate sobre os motivos de observarmos crescimento mais resiliente nos últimos
trimestres. Levantaram-se quatro possibilidades.
11.
A primeira possibilidade é que a pujança do setor agropecuário tenha tido
efeitos indiretos sobre outros setores na economia, o que é corroborado nos
dados, mas não justifica toda a magnitude da surpresa. Outra possibilidade é
que a elevação de renda disponível, seja em função do dinamismo do mercado de
trabalho, da queda de preços de alimentos ou de programas de transferência de
renda, também tenha fornecido algum suporte para o consumo. O Comitê se deteve
sobre esse tema, identificado como muito relevante, e destacou que a conjectura
de um crescimento sustentado pela elevação da renda é corroborada pela
resiliência no consumo de serviços das famílias. Ademais, discutiu-se,
consequentemente, o possível impacto que poderia ocorrer sobre a dinâmica da inflação
de serviços em caso de um crescimento sustentado pela renda e pelo consumo.
Outra possibilidade, ainda que com menor impacto sobre variações de curto
prazo, seria uma taxa de juros neutra mais elevada. O Comitê, entretanto,
decidiu manter sua avaliação mais recente sobre a taxa neutra publicada no
Relatório de Inflação de junho de 2023. Por fim, o Comitê debateu se o
crescimento potencial teria se elevado nos últimos trimestres, devido a
reformas regulatórias e avanços institucionais. Ainda que julgue nesse momento
prematuro reavaliar o crescimento potencial, o Comitê pondera que a
persistência de um crescimento resiliente nos próximos trimestres sem impacto
inflacionário pode, no futuro, levar a uma reavaliação do crescimento
potencial. Notou-se que cada uma dessas quatro possibilidades tem implicações
diferentes para a condução da política monetária.
12.8.
O Comitê debateu os múltiplos canais de transmissão da taxa de juros
norte-americana para a economia brasileira, discutindo os efeitos via
diferencial de juros, prêmio a termo na curva de juros, demanda externa,
câmbio, taxa neutra de juros, preço das commodities, entre outros.
Enfatizou-se, em primeiro lugar, o impacto da necessidade de atração de
recursos para financiar uma dívida mais alta nos países desenvolvidos. Em tal
ambiente, com taxas de juros de dívidas soberanas mais elevadas em economias centrais,
nota-se um impacto em outros mercados, tanto de dívida soberana de emergentes
quanto de crédito privado, cujo impacto final será tão maior quanto maior for o
tempo de juros mais elevados, podendo levar a realocações no processo de
rolagem de dívidas. Outro canal, com efeito direto sobre a inflação, se dá via
taxa de câmbio. Em tal discussão, ressaltou-se que, apesar da gravidade dos
acontecimentos, como o conflito no Oriente Médio e o movimento substancial nos
preços de ativos internacionais, a taxa de câmbio e o preço do petróleo tiveram
variações até o momento moderadas. Por fim, ao incorporar os múltiplos canais
de transmissão em um ambiente de maior incerteza, o Comitê avalia que é
apropriado adotar uma postura de maior cautela diante dos riscos envolvidos.
9. No que se refere à atividade econômica doméstica, o Comitê segue antecipando uma desaceleração da atividade econômica ao longo do segundo semestre, após as surpresas no crescimento observadas no primeiro semestre. Em consonância com esse entendimento, os dados divulgados no período mais recente sugerem uma perda de dinamismo no setor de serviços após um crescimento maior do que o esperado ao longo do primeiro semestre. O Comitê notou que, na indústria, segue um cenário de estabilidade, com os setores mais sensíveis ao crédito tendo uma desaceleração mais marcada. Além disso, também se observa um aumento de estoque em vários setores. Portanto, os dados de atividade divulgados desde a última reunião corroboram o cenário delineado pelo Copom.
10. O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.
11. Em sua análise do mercado de trabalho, o Comitê debateu, inicialmente, os desenvolvimentos no nível de ocupação. Prossegue a trajetória de queda da taxa de desocupação, embora dados recentes também reflitam queda da taxa de participação. Os dados referentes à contratação no emprego formal se mantêm em níveis elevados e compatíveis com um mercado de trabalho bastante dinâmico. Parte da discussão então se deteve sobre os rendimentos e a renda dos trabalhadores, que sugerem alguma aceleração de ganhos reais no período mais recente. O Comitê considerou que esse desenvolvimento pode refletir questões temporárias e segue avaliando que não há evidência de pressões salariais elevadas nas negociações trabalhistas, mas julgou que é importante seguir monitorando com bastante atenção as diferentes variáveis do mercado de trabalho. A redução recente da inflação acumulada em doze meses dificulta a avaliação dos ganhos reais em um ambiente com rigidez de salários, fazendo com que diferentes pesquisas e análises apresentem conclusões distintas sobre a variação real de salários na margem. O Comitê seguirá atento à dinâmicas de rendimentos das diversas pesquisas para melhor avaliar o grau de ociosidade no mercado de trabalho e seus potenciais impactos sobre a inflação de serviços.
12.
A13. Novamente,
debateram-se profundamente os desenvolvimentos no mercado de trabalho. Alguns
membros seguem avaliando que há moderação no mercado de trabalho, apontando
para a desaceleração no ritmo de contratação no mercado formal e para a queda
na taxa de participação. Outros enfatizaram a queda na taxa de desemprego e o
ritmo ainda elevado de contratações no emprego formal. O Comitê concordou que
não há evidência de pressões salariais elevadas nas negociações trabalhistas.
14.
Em função dos dados divulgados no período recente, o Comitê julga que o hiato
do produto está mais apertado do que o estimado anteriormente, mas segue
antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. O
Comitê analisou diferentes medidas de hiato e quais seriam os impactos sobre as
projeções das diferentes hipóteses. Em sua discussão, o Comitê julgou que há
elementos que elevam a incerteza das estimativas e adicionam um viés para cima
nas revisões das estimativas do hiato do produto utilizadas pelo Comitê.
Ressaltou-se novamente que o impacto do período da pandemia dificulta a
inferência do hiato do produto.
15. O Comitê segue avaliando que a desaceleração na concessão de crédito está em linha com a postura de política
monetária. ObservouObserva-se
uma maior desaceleração mais
acentuada na concessão de crédito à pessoa jurídica, ao
passo quealiada a uma recomposição envolvendo relativamente
menos crédito via setor bancário e mais via mercado de capitais. Prossegue uma
heterogeneidade marcada entre os setores produtivos tanto nas taxas de juros de
concessão quanto nos próprios volumes concedidos. Por sua vez, a concessão
à pessoa física exibiuexibe menor desaceleração, sendo menos acentuada nas e
uma recomposição favorecendo as modalidades de baixo custo. Em que pesepesem as
condições monetárias restritivas, enfatizou-se que já se observa a transmissão
do ciclo de política monetária esperadoesperada pelo mercado para as taxas correntes de novas concessões, levando também a um
maior dinamismo dos mercados de capitais.
13. 16. Por fim, o O Comitê avaliavinha avaliando que parte daa incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de
risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho
final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais àdetinha sobre a execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o
arcabouço e o atingimento das metas fiscaisque
haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a
incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que
levou a um aumento do prêmio de risco. Tendo em conta a
importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das
expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política
monetária, o Comitê reforçareafirma a importância da firme persecução dessas metas.
1714.
O Comitê julgou que há umaprossegue a evolução benigna do cenário corrente de inflação, em consonância com o que já
era esperado. O Comitê avalia Como antecipado,
esgotam-se algumas fontes de desinflação que a dinâmica da
desinflação segue caracterizada por um processo com dois estágios distintos. O contribuíram
para o primeiro estágio exibiu uma dinâmica
benigna dos preços de alimentos e industriais e do comportamento dos preços no
atacado. O segundo estágio, iniciado em período recente, continuou a exibir uma
dinâmica benignada desinflação. Em particular, nota-se uma menor
pressão baixista dos preços de alimentos e no atacado,
além de apresentar desaceleração nos bens
industriais, que até recentemente ainda se normalizavam com o fim dos gargalos
nas cadeias produtivas. De forma análoga, os preços de serviços e de serviços subjacentes. O debate em relação à inflação commodities agrícolas
internacionais e os preços domésticos de alimentos, que também contribuíram
para a desinflação ao longo de serviços se
concentrou, novamente, em seus determinantes. Os membros discutiram o
realinhamento de preços relativos, o papel do mercado de trabalho e o hiato do
produto para as perspectivas de inflação. Por outro lado2023,
já não sugerem pressões baixistas tão pronunciadas nos próximos trimestres.
Além disso, os componentes relativos a bens industriais e preços
administrados podem apresentar um comportamento menos benigno do que era
anteriormente esperado, em função do movimento recente da taxa de câmbio e do
preço das commodities internacionais. O Comitê segue avaliando
que a volatilidade inerente aos componentes ligados a alimentos e bens
industriais sugere a possibilidade de reversões abruptas, recomendando cautela.
15. Em tal debate,Para o cenário
prospectivo, o Comitê debateu em maior profundidade os determinantes da
inflação de serviços. Também foram mencionados os riscos,
parcialmente incorporados no cenário de referência, referentes aoderivados
do fenômeno climático do El Niño, assim como os
referentes à evolução do preço internacional do petróleo, que, nas projeções,
seguiu a governança usual do Comitê em suas hipóteses.. Ressaltou-se a incerteza com relação ao El Niño no que tange à
sua magnitude, ao período em que o fenômeno teria maior impacto e aos impactosefeitos individuais sobre diferentes produtos alimentícios. O Comitê optou
pormanteve sua hipótese de incorporar um
impacto relativamente pequeno do El Niño em suas projeções de
inflação de alimentos, mas alguns membros enfatizaram os impactos
inflacionários no caso de ocorrência de um fenômeno El Niño mais
extremo. Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política
monetária contracionista e cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica
desinflacionária.
1816.
As expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem sendodesancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê seguiu avaliando que,
entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação
acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal, receios com a
desinflação global e a possível percepção, por parte de analistas, de que o
Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à
inflação. Desse modo, o Comitê avalia que a redução das
expectativas virá por meio derequer uma atuação firme, em consonância com o objetivo de fortalecer a da
autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e ada reputação tanto das instituições como dos arcabouços econômicosfiscal
e monetário que compõem a política econômica brasileira.
1917.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de
risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário
inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior
persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência
na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto
mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da
atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os
impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se
mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê avalia que
a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do
que o usual e exige cautela na condução da política monetária.
C) Discussão sobre a condução da política monetária
2018.
O Copom passou então à discussão da condução da política monetária,
considerando o conjunto de projeções analisado, assim como o balanço de riscos
para a inflação prospectiva.
19.
O Comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com
o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a
ancoragem das 21. As expectativas de e o retorno da inflação seguem acima da meta e à
meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária.
20.
O cenário doméstico vem se mantiveram
relativamente estáveis recentemente. Alguns membros encaminhando
em linha com o que era esperado. Concluiu-se mostraram
particularmente preocupados com a possibilidade de metas desancoradas por um
período longo. Em segundo lugar,que prossegue o processo de desinflação, com a inflação de
serviços desacelerando na margem. Alguns membros enfatizaram em particular a composição trajetória
desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, reforçando a dinâmica benigna
recente da inflação e a queda na inflação de serviços, enquanto outros
enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de
serviços, em particular a resiliência. Além disso, dados
recentes sugerem uma certa moderação da atividade econômica,
como antecipado pelo Comitê, em particular em serviços e comércio. A
desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve
desde a última reunião do Copom. Por fim, as projeções de inflação no horizonte
relevante apresentaram alguma elevação e se encontram acima da meta. Dentre os
motivos para a elevação, destacaram-se a alteração dos preços administrados
projetados para 2024 e as trajetórias da atividade econômica, da capacidade
ociosa e do mercado de trabalho, ainda não permitem
extrapolar com convicção o comportamento benigno recente. Com relação ao hiato
do produto, notou-se um aperto do hiato do produto na margem, em função da
maior resiliência da atividade econômica. Também foram avaliadas as implicações
de formas alternativas de mensuração do hiato do produto e seus respectivos
impactos nas projeções. Por fim, notou-se que houve uma elevação das projeções
no cenário de referência em função principalmente deque
sugerem um hiato do produto mais apertado e da alteração,
com impacto sobre a inflação de preços livres.
21. condicionantes, como a elevação do preçoO
cenário internacional, no entanto, tem se mostrado mais volátil e adverso. Há
múltiplos mecanismos de petróleo,transmissão
da economia internacional para a depreciação cambialeconomia
doméstica, financeiros e econômicos, que devem
ser incorporados na tomada de decisão. Um membro avalia que o cenário externo
introduz um viés assimétrico altista no balanço de riscos para a reduçãoinflação.
Os demais membros avaliam que o cenário internacional afeta primordialmente o
grau de incerteza relativo ao balanço de riscos. O Comitê é unânime em avaliar
que o aumento da trajetória Selic da pesquisa
Focusincerteza no cenário global exige cautela.
22. Após a análise do cenário, todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de forma a ajustar o grau de aperto monetário prospectivo.
22.23.
O Comitê analisou vários cenários prospectivos, caracterizados por diferentes
trajetórias nos ambientes doméstico e internacional. Debateu-se então a
estratégia e a extensão de ciclo apropriados em cada um desses cenários.
Optou-se por manter a comunicação recente, que já embute a condicionalidade
apropriada em um ambiente incerto, especificando o curso de ação caso se
confirme o cenário esperado. Com relação aos próximos passos, os
membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50
ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo
apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o
processo desinflacionário. Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso
com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o
ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais
benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência. Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do
que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o
cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que
o Comitê tem expressado. O Comitê julga como pouco provável uma intensificação
adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas
substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária
prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos
fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida
das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica
substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.
2324.
Por fim, o Comitê debateu a extensão do ciclo de ajustes na política monetária.
Evidenciou-se, nessa análise, em um cenário global
incerto. O Comitê percebe a necessidade de se manter uma política
monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a
convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas.
Enfatizou-se novamente que a extensão do ciclo ao
longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos
componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das
expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de
inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. O Comitê mantém seu firme
compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e
reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.
D) Decisão de política monetária
2425.
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o
balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom
decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,7525%
a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência
da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o
ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem
prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade
econômica e fomento do pleno emprego.
2526.
A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário
que tende a ser mais lento e por, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e
um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na
condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar
com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o
processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de
suas metas.
2627.
Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente,
anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é
o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária
para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta aindaenfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da
evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis
à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em
particular asdaquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço
de riscos.
2728.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do
Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos,
Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos
Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro
Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Notas de rodapé
1 A
menos de menção explícita em contrário, esta atualização leva em conta as
mudanças ocorridas desde a reunião do Copom em agosto (256ªsetembro
(257ª reunião).
2 Valor foi obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada
nos cincodez dias
úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.
, conforme anunciado no Relatório de Inflação de setembro de 2023.