Bottom line: A pesquisa mensal de serviços surpreendeu positivamente em fevereiro, notando revisões da série histórica que dificultaram a comparação com as expectativas de mercado. No primeiro bimestre, os dados de alta frequência corroboram o nosso cenário de acomodação do crescimento econômico.
Mantendo o padrão de “idas e vindas” da bateria de dados reais de fevereiro, a pesquisa mensal de serviços registrou expansão marginal de +0,8%, sendo consistente com um crescimento interanual de +4,2%. Os resultados foram superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente 0,0% e +3,4%), ressaltando que tivemos novas revisões nas séries históricas, o que enfraquece a comparação com as expectativas dos analistas. No acumulado em 12 meses, o crescimento se manteve em +2,8%, ressaltando um ponto que temos defendido nos últimos meses: há pressão para uma desaceleração da economia, mas ela será suave, heterogênea e instável.
Na abertura do indicador de volume de serviços (tabela 1), observa-se expansão marginal em praticamente todas as categorias, reforçando a robustez do resultado de fevereiro. Note-se, no entanto, que as revisões da série histórica foram consideráveis (tabela 2), inclusive afetando os indicadores nas métricas interanual e acumulada em 12 meses. Foco nos serviços de “telecom e comunicação” e em “outros serviços”, com grandes mudanças nos resultados anteriores (na tabela, para fins de informação, focamos somente no ocorrido em jan/25).
Da série em nível, com ajuste sazonal, observa-se que o setor de serviços está razoavelmente “de lado” nos últimos meses, em patamar relativamente elevado e após certa devolução do repique observado em out/24 (gráfico 1). Não parece haver sinal de derrocada, mas sim de acomodação. A mesma avaliação emerge de uma observação mais ampla dos indicadores de alta frequência (gráfico 2), destacando uma maior heterogeneidade e a ausência de uma clara tendência negativa.
Em conclusão, a evolução da economia no primeiro bimestre do ano parece perfeitamente alinhada ao nosso cenário de desaceleração do crescimento para +1,8% em 2025. Adiante, será necessário observar a resultante de múltiplos vetores, tanto externos quanto domésticos, de forma a ajustar as nossas projeções. No momento, a incerteza é colossal; e, com dados efetivos corroborando o nosso cenário, não faz sentido qualquer reavaliação mais brusca.
Tabela 1: Principais resultados da PMS
Tabela 2: Revisão da série histórica (mês anterior)
Gráfico 1: PMS (dez/22=100, ajustado sazonalmente)
Gráfico 2: Indicadores de atividade em alta frequência (dez/22=100, ajustado sazonalmente)