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Vendas no varejo (mai/24): Olhando para cima

Bottom line: As vendas no varejo, tanto restrito como ampliado, vieram muito acima do esperado em maio. Há forte sugestão de que os efeitos negativos da tragédia climática no Rio Grande do Sul serão bem menos intensos do que o esperado. Há viés de alta para o crescimento do PIB de 2024, a ser confirmado em breve.

Dando sequência às surpresas positivas já observadas na produção industrial, os indicadores de varejo de maio vieram bastante acima do esperado pelo mercado – seja na métrica restrita, seja na métrica ampliada. Ainda precisamos de mais dados para confirmar essa hipótese, mas já se coloca em debate termos efeitos bem mais limitados, sobre a atividade, da tragédia climática do Rio Grande do Sul. Caso mantido o padrão até agora observado (na indústria e no varejo), certamente revisaremos a nossa projeção de crescimento do PIB de 2024 para cima.

As vendas no varejo restrito avançaram +1,2% em maio, em relação ao mês anterior, resultado consistente com uma expansão interanual de +8,1%. Ambas as leituras foram muito superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, -0,5% e +4,4%), aumentando a expansão acumulada em 12 meses para +3,4%. A abertura do indicador mensal trouxe notícias não tão auspiciosas na margem (tabela 1), com contrações em combustíveis e mobiliário, ainda que outros setores relevantes, como vestuário, tenham mostrado vigor. É impressionante como as vendas do varejo restrito entraram em trajetória ascendente (gráfico 1); impulsos fiscais, políticas de transferência de renda e mercado de trabalho forte funcionam para impulsionar a demanda.

Já o varejo ampliado avançou +0,8% na margem, consistente com um crescimento interanual de +5,0% em maio. Tal como no varejo restrito, os resultados foram muito superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, -0,5% e +1,9%), acelerando o crescimento acumulado em 12 meses para +3,7%. Tal como no restrito, há detalhes mais negativos na margem, especialmente em material de construção e automóveis (tabela 1), Não muda o fato, no entanto, de que o desempenho agregado segue forte, mesmo que menos intenso do que o observado na métrica restrita (gráfico 1).

Em conclusão, os resultados do varejo em maio colocam uma enorme dúvida sobre a extensão dos efeitos negativos do choque climático no Rio Grande do Sul. Todas as informações oficiais foram, até o momento, mais fortes do que o sugerido pelos indicadores antecedentes, tendo como corolário uma grande surpresa positiva frente às expectativas do mercado. Uma vez concluída a bateria de dados do mês, com a divulgação da pesquisa mensal dos serviços, revisaremos para cima a nossa projeção de crescimento do PIB de +1,8% em 2024.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (principais aberturas, MsM, AsA e acumulado em 12 meses)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/21=100, ajustado sazonalmente)