Bottom line: As vendas no varejo avançaram em setembro, especialmente no indicador ampliado, mesmo que abaixo do esperado pelo mercado. Revisões nas séries históricas, no entanto, tornam a comparação com as projeções do mercado mais difíceis. Seguimos esperando um crescimento do PIB em torno de 3,0% em 2024.
As vendas no varejo foram mais fracas do que o esperado em setembro, tanto no indicador restrito como no ampliado, ainda que tenham ocorrido revisões na série histórica que dificultam a comparação com as expectativas de mercado. Olhando nos detalhes, reforça-se certa estabilidade do varejo restrito durante o 3º trimestre, e alguma aceleração da métrica ampliada ao final do período. Se em agosto falávamos de sinais de moderação, em setembro emerge um tom, mesmo que “com disclaimers”, de aceleração.
O varejo restrito contraiu +0,5% na margem, sendo consistente com uma expansão interanual de +2,1%. Os resultados foram inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, +1,4% e +3,7%), reduzindo o crescimento acumulado em 12 meses para +3,9%. Já o varejo ampliado avançou +1,8% na margem, com crescimento interanual de +3,9%. Ambas as leituras também foram inferiores ao esperado (respectivamente, +2,3% e +4,8%), mas, ainda assim, o crescimento acumulado em 12 meses oscilou para +3,8%.
Das aberturas do varejo ampliado (tabela 1), sugere-se que o desempenho marginal positivo foi bastante concentrado, destacando os avanços de combustíveis, “outros artigos de uso pessoal”, automóveis e, em menor intensidade, materiais de construção. Importante segmentos, como vestuário e eletrodomésticos, seguem em contração. Note-se, também, que a revisão das séries históricas muda a interpretação dos dados durante o trimestre. Se olharmos para agosto (tabela 2), a contração marginal do varejo ampliado se mostrou menor no agregado, ainda que sem marcantes diferenças nas suas entranhas.
Para além dessas questões de fundo, o que emerge é um sinal um pouco diferente entre os varejos restrito e ampliado, fato notável nas séries em nível, com ajuste sazonal (gráfico 1): enquanto o restrito dá sinais de estagnação, em patamar elevado, o ampliado mostra renovado vigor ao fim do trimestre. Resta saber como os indicadores vão se comportar no futuro próximo, com um esgarçamento das condições de contorno: mercado de trabalho pressionado, inflação elevada, juros crescentes e taxa de câmbio enfraquecendo.
Em conclusão, os indicadores de setembro sugerem pequena revisão nas nossas projeções de varejo e consumo para o trimestre, ainda que sem mudar, materialmente, a nossa projeção para o crescimento da economia. Seguimos esperando um crescimento do PIB de aproximadamente 3,0% em 2024; nossos modelos serão recalibrados após a divulgação do PIB do 3º trimestre, que trará revisões na série histórica do indicador.
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (principais aberturas, MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
Tabela 2: Pesquisa mensal do comércio (revisão da série histórica recente)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/22=100, ajustado sazonalmente)