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Pesquisa mensal de serviços (ago/24): Mais sinais de moderação

Bottom line: A pesquisa mensal de serviços frustrou as expectativas, ressaltando que houve importante revisão na série histórica. Os indicadores de alta frequência sugerem alguma moderação do ímpeto de crescimento no decorrer do 3º trimestre.

Fazendo eco ao resultado observado nas vendas no varejo, a pesquisa mensal de serviços mostrou uma contração marginal de -0,4% em agosto, na série livre de influências sazonais, desempenho consistente com uma expansão interanual de +1,7%. Os resultados foram sensivelmente inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente +0,2% e +3,7%), mantendo o crescimento acumulado em 12 meses em +1,9%.

Na abertura do indicador (tabela 1), fique relativamente claro que os detalhes são menos negativos do que a frustração com o headline sugere. Como destaque positivo, “serviços prestados às famílias” e “outros serviços” tiveram o segundo mês consecutivo de expansão marginal; do lado mais negativo, tivemos contrações em “serviços de comunicação” e em “serviços de transporte”.

É importante notar que parte do desvio das projeções frente ao observado veio de uma importante revisão na série histórica, concentrada em “serviços profissionais e administrativos” (tabela 2). Segundo o próprio IBGE, uma grande empresa de agenciamento de espaços de publicidade, com sede em São Paulo, disponibilizou novas informações históricas ao instituto, mudando as séries de receitas desde agosto de 2023. Eventos desse tipo já ocorreram no passado; o fato de somente um respondente ter tanto efeito em uma pesquisa agregada nos causa certo espanto (e preocupação).

Para além dessas questões metodológicas, emerge um tom de estabilização no último trimestre (junho-julho-agosto), interrompendo a forte retomada dos serviços que vimos desde o final de 2023 (gráfico 1). Confirma-se, assim, o tom já expresso no comentário de vendas no varejo; os indicadores de alta frequência tiveram alguma moderação na bateria de dados de agosto (gráfico 2), sugerindo, ao menos no curto prazo, um menor vigor econômico. Seguimos esperando uma expansão do PIB levemente inferior a 3,0% em 2024.

Tabela 1: Principais resultados da PMS

Tabela 2: Revisões da PMS em jul/24

Gráfico 1: PMS (dez/22=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores de atividade em alta frequência (jun/23=100, ajustado sazonalmente)