BRCG

Vendas no varejo (out/21)

08/12/2021

Bottom line: As vendas no varejo registraram mais um mês de surpresas negativas em outubro, com contrações nas métricas mensal e interanual,  tanto na métrica restrita como na ampliada. Há importante moderação nos vetores de consumo ao final de 2021. A piora das condições financeiras, a erosão da renda disponível e a grande incerteza prospectiva continuarão pesando sobre a capacidade de consumo no futuro próximo.   

As vendas no varejo surpreenderam negativamente em outubro, tanto na métrica restrita como na ampliada, em mais um mês de contrações mensais e interanuais. A decepção do mês segue resultados mais fracos do que o esperado desde agosto, sugerindo forte compressão da capacidade de consumo desde meados do terceiro trimestre. O varejo restrito contraiu -0,1% no mês, consistente com queda interanual de -7,1%. Ambos os resultados foram bastante inferiores à mediana das expectativas de mercado (respectivamente +0,6% e -6,2%), ressaltando que houve pequena revisão na série ajustada sazonalmente (em setembro, o resultado mensal passou de contração de -1,3% para -1,1%). No acumulado em 12 meses, a expansão do varejo restrito desacelerou para +2,6% (tabela 1).
A abertura dos resultados do varejo restrito mostra que a contração na margem foi espraiada, com leituras positivas somente nas vendas de “vestuário e calçados”, “equipamentos de escritório e comunicação” e “outros artigos de uso pessoal”. A forte aceleração da inflação, a redução da renda disponível e a piora das condições financeiras continuam afetando o desempenho das vendas. Ressalta-se, sobretudo, o desempenho na margem de “hipermercados e supermercados”, “combustíveis e lubrificantes” e “móveis e eletrodomésticos”, todos com contrações mensais já há um longo período.
O varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) também surpreendeu negativamente, com contração de -0,9% mensal e -7,1% interanual. Os resultados também foram bem mais fracos do que a mediana das expectativas de mercado (respectivamente -0,2% e -6,1%), reduzindo o crescimento acumulado em 12 meses para +5,7%. Tal como observado em setembro, tanto as vendas de veículos automotores como as vendas de material de construção registraram contração na margem (de, respectivamente, -0,5% e -0,9%), reforçando a exaustão do ciclo de demanda por bens duráveis que já observamos durante o trimestre passado.
Os resultados de outubro confirmam nossa visão de importante moderação nos vetores de consumo ao final de 2021 (gráfico 1) – em nível (ajustado sazonalmente), os indicadores de varejo já se encontram de volta ao observado no final de 2019. A piora das condições financeiras, a erosão da renda disponível e a grande incerteza prospectiva continuarão pesando sobre a capacidade de consumo no futuro próximo. 
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Pesquisa Mensal de Comércio
out-21set-21
MsMAsAac. 12mMsMAsAac. 12m 
Varejo restrito-0.1%-7.1%2.6%-1.1%-5.1%3.9%
Combustíveis e lubrificantes-0.3%-7.8%0.2%-2.8%-4.2%0.4%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo-0.3%-5.6%-2.4%-1.3%-3.2%-1.4%
Tecidos, vestuário e calçados0.6%-2.0%11.9%-1.0%0.4%11.8%
Móveis e eletrodomésticos-0.5%-22.1%-0.7%-3.4%-22.6%3.1%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos-0.1%-0.1%11.2%0.0%4.2%12.5%
Livros, jornais, revistas e papelaria-1.1%-7.8%-21.3%0.0%-3.5%-23.2%
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação5.6%-11.1%-3.2%-3.2%-14.6%-3.2%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico1.4%-7.2%15.9%-2.0%-6.7%18.5%
Varejo ampliado-0.9%-7.1%5.7%-1.0%-3.9%7.0%
Veículos, motocicletas, partes e peças-0.5%-4.0%15.1%-1.7%2.9%14.8%
Material de construção-0.9%-13.7%8.5%-1.0%-10.1%12.0%
Fonte: IBGE
Elaboração: BRCG
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)