05/05/2021
A produção industrial contraiu -2,4% em março, consistente com uma expansão anual de +10,5%. Ainda que fraco na margem, o resultado foi superior à mediana das expectativas de mercado. Nosso cenário base continua sendo de relevante recuperação da indústria no decorrer de 2021, compensando o mau resultado observado no ano passado. Vemos riscos negativos na desorganização das cadeias de suprimentos e na exaustão do ciclo de demanda por bens duráveis e semi-duráveis (para meados do ano), contrapostos a uma dinâmica positiva de substituição de importações.
A produção industrial contraiu -2,4% em março, consistente com uma expansão anual de +10,5%. Ainda que fraco na margem, o resultado foi superior à mediana das expectativas de mercado (-3,0% mensal e +8,5% anual). A segunda contração mensal seguida da indústria reforça a fraqueza ao fim do primeiro trimestre, em momento de novas restrições sanitárias e em cenário de grande desorganização nas cadeias de insumos, tanto locais como globais. O forte resultado na métrica anual refere-se, exclusivamente, à base comparativa favorável gerada pela eclosão da Covid em mar/20.
A surpresa positiva combina, na margem, tanto uma forte expansão da indústria extrativa (+5,5% mensal e -0,1% anual), em cenário de renovada demanda global por commodities metálicas e energéticas (tabela 1), como uma indústria de transformação que, apesar da grande contração, caiu menos do que o sugerido em nosso cenário (-3,2% mensal e +11,9% anual, afetada pelo efeito base favorável).
Pelas categorias de uso da transformação (tabela 1), percebe-se heterogeneidade. Do lado positivo, houve pequena expansão marginal da produção de bens intermediários (+0,2% mensal e +10,1% anual). Do lado negativo, foram registradas relevantes contrações mensais nos bens de capital (-6,9% mensal e +29,5% anual) e nos bens de consumo, sejam duráveis (-7,8% mensal e +12,0% anual) ou semi-duráveis/não duráveis (-10,2% mensal e +6,2% anual).
Nosso cenário base continua sendo de relevante recuperação da indústria no decorrer de 2021, compensando o mau resultado observado no ano passado. Há, no entanto, riscos a ponderar. Do lado negativo, e para além das questões sanitárias mais circunscritas ao curto prazo, preocupa-nos a desorganização das cadeias de suprimentos (em escala global) e a provável exaustão do ciclo de demanda por bens duráveis e semi-duráveis (em meados do ano). Do lado positivo, temos evidências de que a substituição de importações continua, o que dará suporte à expansão da atividade industrial no decorrer de 2021.
Maiores detalhes podem ser observados na tabela abaixo.
Tabela 1: Principais aberturas da produção industrial (MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
Produção Industrial Mensal | ||||||
mar-21 | fev-21 | |||||
MsM | AsA | ac. 12m | MsM | AsA | ac. 12m | |
Indústria geral | -2.4% | 10.5% | -3.1% | -1.0% | 0.3% | -4.2% |
Atividades industriais | ||||||
Extrativa | 5.5% | -0.1% | -2.5% | -5.2% | -6.6% | -2.5% |
Transformação | -3.2% | 11.9% | -3.2% | -0.7% | 1.1% | -4.4% |
Categorias de uso | ||||||
Bens de capital | -6.9% | 29.5% | -4.8% | -3.7% | 14.7% | -7.4% |
Bens intermediários | 0.2% | 10.1% | 0.0% | 0.4% | 0.4% | -0.9% |
Bens de consumo duráveis | -7.8% | 12.0% | -18.6% | -3.4% | -8.2% | -20.1% |
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis | -10.2% | 6.2% | -5.0% | -0.2% | -1.6% | -5.9% |
Fonte: IBGE | ||||||
Elaboração: BRCG |