China - PIB (2023.T1) e tracking PIB (2023.T2 - 1a atualização): Surpresa positiva e história mais favorável

China – PIB (2023.T1) e tracking PIB (2023.T2 – 1a atualização): Surpresa positiva e história mais favorável

18/04/2023

Bottom line: O PIB chinês cresceu 4,5% em termos interanuais no 2023.T1, resultado superior às expectativas, com expansão trimestral de 2,2% (frente ao último trimestre de 2022, na série ajustada sazonalmente). O crescimento mais intenso foi motivado, principalmente, por uma forte expansão dos serviços. Revisões na série histórica do PIB (ajustado sazonalmente) tornaram a dinâmica de crescimento mais favorável em 2023, com um relevante aumento do carregamento estatístico para este ano. Esperamos agora uma expansão do PIB de 5,6% em 2023.

Confirmando os sinais antecedentes de retomada cíclica da economia no início do ano, o PIB chinês cresceu 4,5% em termos interanuais no 2023.T1 (gráfico 1). O resultado foi superior tanto à nossa estimativa (4,0%) como à mediana das expectativas de mercado (3,9%). A surpresa positiva se transmitiu aos resultados incrementais, com expansão de 2,2% frente ao trimestre anterior, na série ajustada sazonalmente (gráfico 2), configurando, assim, uma largada minimamente robusta para a atividade chinesa neste início de 2023.

É importante perceber que as séries ajustadas sazonalmente sofreram revisões para os últimos dois anos (em comportamento que é pouco usual nos dados chineses), tendo implicação importante para o desempenho do segundo semestre de 2022 – que se mostrou bem mais forte do que anteriormente imaginado. O crescimento marginal do 2022.T3 passou a 3,9% (anterior: 3,4%) e o do 2022.T4 a 0,6% (anterior: 0,0%, lembrando que já havia ocorrido uma revisão extemporânea deste indicador, que mostrou crescimento de 0,5% quando da divulgação do PIB no último trimestre do ano passado). Assim, muda a avaliação do descasamento entre a atividade chinesa e a extrapolação da sua tendência anterior à pandemia, resultando em diferença menor (gráfico 3), e, mais relevante, aumenta-se o carregamento estatístico (gráfico 4) para 2023 (atual: 1,8%; anterior: 1,3%) – esse ponto é central, e será destacado mais adiante.

Como sempre, o conjunto de informações disponíveis é limitado no imediato pós-divulgação, levando a análises que ainda pecam pela superficialidade. Só temos um número razoável de aberturas pela ótica da oferta no PIB, e, mesmo assim, são incompletas. Os resultados tiveram a composição esperada; com a reabertura sanitária, a imensa parte da contribuição ao crescimento do 2023.T1 veio do setor terciário, onde se concentram os serviços (gráfico 5), levando, inclusive, a um novo pico da contribuição relativa do que chamamos de “Nova China” – demanda interna, tanto em bens como em serviços – para o crescimento do primeiro trimestre (gráfico 6).

Precisamos de mais informações para refinar os nossos modelos, mas resulta claro que a história mudou. A revisão das séries ajustadas sazonalmente traz nova dinâmica para o crescimento de 2023, e, sozinha, deveria levar a um incremento de pouco menos de 0,5p.p. em nossa projeção (tudo mais constante, nisso incluindo a “confirmação e manutenção” do novo padrão sazonal divulgado). Caso a economia se mantenha na velocidade média observada em 2021 (crescimento marginal médio de 1,1% em cada trimestre), uma expansão de 5,5% estaria garantida. Caso a velocidade média seja a de 2019 (crescimento marginal médio de 1,4% em cada trimestre), o crescimento de 2023 seria pouco superior a 6,0%.

Incorporando esta nova realidade e as informações em alta frequência já disponíveis para o fim do 2023.T1 (que serão tratadas em outras publicações), revisamos a nossa projeção de crescimento de 2023 para 5,6% (anterior: 5,2%). O 1a vintage do tracking do PIB do 2o trimestre mostra, agora, expansão interanual de 6,9% no 2023.T2 (com grande ajuda do efeito-base favorável) e de 5,9% no 2023.T3 (tabela 1).

Gráfico 1: Crescimento do PIB trimestral (interanual, comparado às expectativas de mercado)