Bottom line: A produção industrial recuou -0,9% em maio, resultado superior ao esperado. No primeiro teste dos efeitos da tragédia gaúcha sobre os dados reais, a contribuição do choque parece ter sido inferior ao imaginado.
A produção industrial recuou -0,9% em maio, na série com ajuste sazonal, resultado consistente com uma contração interanual de -1,0%. Os resultados foram melhores do que o esperado pelo mercado (respectivamente -1,4% e -1,7%), interrompendo dois meses consecutivos de frustrações. No acumulado em 12 meses, a indústria expande +1,3%, em ritmo menos intenso do que o observado nos últimos meses.
Dentre as principais aberturas da indústria (tabela 1), tivemos um mês particularmente negativo na indústria de transformação, com forte contração mensal de -2,2% e contrações marginais em todas as principais categorias de uso. Destaque, em específico, para a contração da produção de bens de capital no mês. No agregado, a indústria não vai a lugar algum há muito tempo (gráfico 1) – em nível, ajustado sazonalmente, estamos no mesmo patamar do final de 2019.
Em conclusão, a fraqueza da indústria não foi especialmente surpreendente em maio, se lembrarmos que esse foi o primeiro mês que computou o choque negativo derivado da tragédia no Rio Grande do Sul. A questão relevante, daqui em diante, será avaliar a contribuição da tragédia gaúcha para o desempenho das variáveis reais, tanto na fase mais aguda do choque (maio e, talvez, junho) como na recuperação subsequente. No primeiro teste, com a indústria em maio, os efeitos negativos parecem ter sido menores do que imaginávamos.
Tabela 1: Principais aberturas da produção industrial (MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
Gráfico 1: Produção industrial (dez/2019=100, SA)