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Vendas no varejo (jul/23): Robustez e reavaliação

Bottom line: Os resultados do varejo de julho continuaram mostrando robustez nas vendas, especialmente no indicador restrito, ainda que sua composição tenha sido um pouco mais negativa do que a observada nos últimos meses. Revisamos a projeção de crescimento do PIB de 2023 para +2,6%, ainda restando algum viés de alta a ser confirmado em reavaliações futuras.

As vendas no varejo restrito avançaram +0,7% em julho, desempenho consistente com uma expansão interanual de +2,4%. Os resultados foram novamente superiores às expectativas de mercado (respectivamente em +0,5% e +2,0%), ampliando a expansão acumulada em 12 meses para +1,6% (tabela 1). A composição do resultado mensal foi, no entanto, um pouco mais negativa, com contrações nas vendas de segmentos relevantes como combustíveis (segunda contração mensal seguida), “móveis e eletrodomésticos” e vestuário. Em nível (ajustado sazonalmente), o varejo restrito registra pequena tendência à elevação (gráfico 1) nos últimos meses, em linha com um cenário geral de maior demanda na economia.

Se houve surpresa positiva no varejo restrito, o mesmo não ocorreu no ampliado. Em julho, houve contração marginal de -0,3% nas vendas, desempenho consistente com um crescimento interanual de +6,6%. Ambos os indicadores foram inferiores ao projetado pelo mercado (respectivamente +0,2% e +7,1%), mas, ainda assim, o crescimento acumulado em 12 meses acelerou para +2,3% (tabela 1). A surpresa negativa de julho pode ser debitada no comportamento do setor automotivo, com desempenho mensal mais fraco depois de encerrado o programa de subsídios governamentais à aquisição de automóveis. Em nível, o descolamento entre varejo restrito e o ampliado tende a ser manter nos próximos meses (gráfico 1).

Em conclusão, os indicadores de alta frequência de julho nos contam uma história de robustez na demanda, especialmente nos serviços e no varejo restrito (gráfico 2). Com esse comportamento dos dados, ajustamos marginalmente a nossa projeção de crescimento para 2023, que agora está em +2,6% (anterior: +2,5%). Temos sido surpreendidos pela força da demanda, e por seus impactos nas componentes de serviços do PIB. Ainda resta leve viés de alta para as nossas projeções de crescimento, que será reavaliada conforme mais informações estiverem disponíveis no decorrer do 3º trimestre.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores gerais de atividade (dez/19=100)