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Vendas no varejo (jul/24): Força evidente

Bottom line: As vendas no varejo corroboraram o bom momento da atividade, surpreendendo positivamente no indicador ampliado. Seguimos projetando crescimento do PIB de +2,6% em 2024, com viés de alta em caso de manutenção do ímpeto nos dados de alta frequência.

Mantendo o tom positivo das últimas divulgações, as vendas no varejo surpreenderam em julho, especialmente no varejo ampliado. Reforça-se, assim, o ambiente de demanda aquecida, mantendo a toada observada durante o último trimestre e colocando pressão adicional sobre a atuação do Banco Central, inclusive para as suas decisões no curto prazo.

As vendas no varejo restrito avançaram +0,6% na margem, sendo consistente com uma expansão interanual de +4,4%. Os resultados foram alinhados às expectativas de mercado, fazendo com que o crescimento acumulado em 12 meses oscilasse para +3,7%. As surpresas mais importantes ocorreram no varejo ampliado, com expansão marginal de +0,1% e crescimento interanual de +7,2%. Ambas as leituras foram superiores ao esperado (respectivamente, -0,5% e +6,0%), ampliando o crescimento acumulado em 12 meses para +3,8% (tabela 1). Deu-se, assim, continuação ao desempenho favorável observado nos últimos meses (gráfico 1): os indicadores de varejo sugerem que a demanda segue forte na economia brasileira.

As aberturas do varejo indicam um resultado robusto na margem, com a imensa parte dos segmentos em expansão marginal (tabela 1). Destaque, em específico, para a forte expansão das vendas de “veículos automotores”, “móveis e eletrodomésticos”, e “materiais de escritório e informática”, todas com crescimento relevante pelo segundo mês consecutivo. As principais notas dissonantes ocorreram nas contrações marginais das vendas de combustíveis e de materiais de construção, ainda que ambas não tenham sido particularmente intensas.

É notável, também, que tenha ocorrido nova revisão das séries históricas (tabela 2), em padrão que está se tornando mais recorrente, nos dados em alta frequência, depois do choque climático no Rio Grande do Sul. Ao contrário do ocorrido na indústria e nos serviços, no entanto, as revisões observadas no varejo foram moderadas.

Em conclusão, os dados de alta frequência mostram força evidente neste início de 3º trimestre, particularmente marcante nos serviços, mas também presente nos indicadores de varejo e indústria (gráfico 2). Seguimos projetando crescimento de +2,6% em 2024, e, se mantida a toada nos dados mensais, teremos revisões positivas em nosso cenário nos próximos meses.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (principais aberturas, MsM, AsA e acumulado em 12 meses)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/21=100, ajustado sazonalmente)

Tabela 2: Pesquisa mensal do comércio (revisão de mai/24)

Gráfico 2: Indicadores de atividade em alta frequência (jun/23=100)