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Vendas no varejo (mai/23): Progressiva redução do consumo de bens

14/07/2023

Bottom line: Os resultados do varejo foram negativos em maio, confirmando uma progressiva diminuição do consumo de bens – que tem, como contrapartida, um aumento relativo do consumo em serviços. Ajustamos a nossa projeção de crescimento do PIB em 2023 para +1,7%, com revisão concentrada no trimestre corrente.

As vendas no varejo restrito recuaram -0,1% em maio, desempenho consistente com uma contração interanual de -1,0%. Os resultados foram, novamente, inferiores às expectativas de mercado (respectivamente em -0,3% e +1,3%), reduzindo a expansão acumulada em 12 meses para +0,8% (tabela 1). A composição do resultado mensal trouxe importantes categorias de consumo em contração, destacando “hipermercados e supermercados”, “tecidos, vestuário e calçados” e “móveis e eletrodomésticos”. Em nível (ajustado sazonalmente), o varejo restrito dá sinais de suave moderação nos últimos meses, mesmo que isso não constitua uma clara derrocada das vendas (gráfico 1).

Já o varejo ampliado (que inclui material de construção, veículos, partes e peças, e vendas no “atacarejo”) registrou contração marginal de -1,1% em maio, desempenho consistente com crescimento interanual de +3,0%. O resultado também foi inferior ao esperado pelo mercado (respectivamente, -0,8% e +3,8%), com revisão negativa no passado recente (na margem, o resultado de abril mudou de uma queda de -1,6% para uma queda de -2,4%). No acumulado em 12 meses, houve pequeno avanço do varejo ampliado, agora com expansão de +0,2% (tabela 1). Tal como no indicador restrito, o nível ajustado sazonalmente do varejo ampliado sugere redução de ímpeto nas vendas no decorrer do 2023.T2 (gráfico 1), um pouco mais intensa devido ao pico observado no início desse ano.

Em conclusão, os indicadores de alta frequência de maio não trouxeram grandes mudanças em relação ao observado nos últimos meses, com marasmo completo na indústria e evidências cada vez mais consistentes de migração do consumo dos bens para os serviços. Amplia-se, assim, a dicotomia presente nos grandes setores da economia (gráfico 2), o que terá impactos, via efeito composição, na nossa avaliação do desempenho do PIB. Ajustamos marginalmente a nossa projeção de crescimento do PIB de 2023 para +1,7% (anterior: +1,6%), com revisão concentrada no atual trimestre e no próximo. A economia segue em desaceleração, ainda que inconsistente com o tom de colapso iminente que tem sido cada vez mais observado no debate.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores gerais de atividade (ajustado sazonalmente, dez/19=100)