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Vendas no varejo (nov/23): Melhora de tom

Bottom line: Os resultados do varejo surpreenderam positivamente em novembro, especialmente na métrica ampliada. Houve certa melhora no tom da atividade no último trimestre de 2023, mas sem mudar, materialmente, a nossa visão de crescimento no curto prazo.

Após relevante frustração em outubro, as vendas no varejo restrito avançaram +0,1% em novembro, desempenho consistente com uma expansão interanual de +2,2%. O resultado marginal foi alinhado à expectativa de mercado, com desempenho interanual levemente superior à estimativa dos analistas (+2,0%). No acumulado em 12 meses, o crescimento das vendas no varejo restrito se manteve em +1,5% (tabela 1), estancando a tendência de desaceleração observada nos meses anteriores.

A abertura do indicador trouxe notícias positivas, com destaque para as expansões marginais em “combustíveis e lubrificantes”, “vestuário”, “vestuário”, “móveis e eletrodomésticos” e “equipamentos de informática” (tabela 1). Em nível, ajustado sazonalmente, o varejo restrito seguiu em patamar relativamente elevado (gráfico 1), ainda que resulte claro que a capacidade de expansão marginal tem sido menor desde, pelo menos, meados de 2023.

Se as notícias no varejo restrito foram minimamente positivas, o mesmo não se pode dizer do varejo ampliado. A expansão mensal de +1,3%, consistente com crescimento interanual de +4,3%, foi bastante superior ao esperado pelo mercado (respectivamente, +0,5% e +2,5%). Com isso, o crescimento acumulado em 12 meses do varejo ampliado acelerou, atingindo +2,3% em novembro. Nas suas aberturas (tabela 1), destaque absoluto para as vendas mensais de automotores, com forte expansão marginal de +4,0%. Em nível, ajustado sazonalmente, o varejo ampliado deu sinais de aceleração no último trimestre de 2023 (gráfico 1) – dinâmica mais forte do que o anteriormente imaginado e que ajudará a dar sustentação à atividade no fim do ano passado.

Em conclusão, a bateria de dados de alta frequência de novembro trouxe notícias mais positivas no consumo, tanto de bens como de serviços, em contraposição a um frágil desempenho no início do último trimestre do ano (gráfico 2). Tal comportamento foi levemente superior ao que esperávamos, mas não é suficiente para modificar, de forma relevante, as nossas projeções de crescimento. Ajustamos a projeção de crescimento do PIB em 2023 para +2,9% (anterior: +2,8%), mantendo a expectativa de crescimento em 2024 em +1,2%. Estamos cada vez mais preocupados com o comportamento da agropecuária neste ano, com efeitos – diretos e indiretos – negativos para a nossa projeção de expansão do PIB em 2024.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores de atividade em alta frequência (dez/19=100, série ajustada sazonalmente)