Bottom line: As vendas no varejo recuaram em novembro, com destaque para a métrica ampliada. Emergem sinais de moderação, que ainda precisam ser confirmados. As condições de contorno estão ficando mais negativas, especialmente para os segmentos crédito-intensivos.
Após forte surpresa positiva em outubro, as vendas no varejo deram sinais de moderação em novembro, com contração marginal tanto na métrica restrita como na ampliada – sendo que, para esta, o resultado foi sensivelmente mais fraco do que o esperado pelo mercado. A elevação dos juros e o aumento da incerteza econômica tendem a ser vetores negativos adiante, mas resta saber até qual ponto a disposição das famílias para consumir será afetada, em cenário de mercado de trabalho forte, renda disponível crescente e provisão de crédito em velocidade (ainda) surpreendente.
O varejo restrito recuou -0,4% na margem, sendo consistente com uma expansão interanual de +4,7%. Os resultados foram virtualmente alinhados ao esperado pelo mercado, ampliando o crescimento acumulado em 12 meses para +4,6%. Já o varejo ampliado recuou -1,8% na margem, com crescimento interanual de +2,1%. Ambas as leituras foram bem inferiores ao esperado (respectivamente, -0,3% e +4,7%), devolvendo parte importante da surpresa observada em outubro. No acumulado em 12 meses, o crescimento do varejo ampliado reduziu para +4,0%.
Revisões na série histórica explicam parte do desvio frente às expectativas do mercado, mas, de maneira geral, é seguro dizer que o resultado do varejo ampliado foi decepcionante. Nas suas aberturas (tabela 1), destaque para as contrações marginais de “hipermercados e supermercados”, “móveis e eletrodomésticos”, veículos e materiais de construção. A observar, especialmente, o comportamento dos segmentos mais crédito-intensivos, em meio ao aumento dos custos e à maior incerteza prospectiva.
Em conclusão, os indicadores em nível, com ajuste sazonal, sugerem certa moderação do varejo durante o 4º trimestre de 2024, fato mais claro na métrica restrita do que na ampliada (gráfico 1). É necessário observar se os sinais de moderação que emergiram em novembro vão se manter, ou se teremos uma nova retomada das vendas ao final do ano, em dinâmica parecida com a observada durante o 3º trimestre de 2024.
Tabela 1: Vendas no varejo (principais aberturas, MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/22=100, ajustado sazonalmente)