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Vendas no varejo (set/21)

11/11/2021

Bottom line: As vendas no varejo surpreenderam negativamente em setembro, tanto na métrica restrita como na ampliada, com contrações nas métricas mensal e interanual. Confirmou-se, portanto, a nossa visão de importante moderação no consumo de bens durante o 3o trimestre – em nível (ajustado sazonalmente), o varejo se encontra levemente abaixo do observado ao final de 2019. A piora das condições financeiras e a erosão da renda disponível continuarão pesando sobre a capacidade de consumo das famílias no futuro próximo. 

As vendas no varejo surpreenderam negativamente em setembro, tanto na métrica restrita como na ampliada, com contrações mensais e interanuais. A decepção de setembro seguiu à frustração também observada em agosto. O varejo restrito contraiu -1,3% no mês, consistente com queda interanual de -5.5%. Ambos os resultados foram bastante inferiores à mediana das expectativas de mercado (respectivamente -0,6% e -4,1%), ressaltando que houve revisão negativa na série ajustada sazonalmente (em agosto, o resultado mensal passou de contração de -3,1% para -4,3%). No acumulado em 12 meses, a expansão do varejo restrito desacelerou para 3,9% (tabela 1).
A abertura dos resultados do varejo restrito mostra que a contração na margem foi difundida; somente as vendas de artigos farmacêuticos e de papelaria registraram resultados positivos no mês, e, mesmo assim, perto da estabilidade. A forte aceleração da inflação, a redução da renda disponível e a piora das condições financeiras estão afetando o desempenho das vendas. Ressalta-se, sobretudo, o desempenho na margem de “hipermercados e supermercados”, “combustíveis e lubrificantes” e “móveis e eletrodomésticos”, com contrações mensais sequenciais há alguns meses.
O varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) também surpreendeu negativamente, com contração de -1,1% mensal e -4,2% interanual. Os resultados também foram bem mais fracos do que a mediana das expectativas de mercado (respectivamente -0,2% e -3,0%), reduzindo o crescimento acumulado em 12 meses para +7,0%. Diferente do observado nos últimos meses, tanto as vendas de veículos automotores como as vendas de material de construção registraram contração na margem (de, respectivamente, -1,7% e -1,1%), reforçando o cenário de compressão nos vetores de consumo e exaustão do ciclo de demanda por bens duráveis durante o terceiro trimestre.
Os resultados de setembro confirmaram nossa visão de importante moderação no consumo de bens durante o terceiro trimestre (gráfico 1) – em nível (ajustado sazonalmente), os indicadores de varejo se encontram levemente abaixo do observado ao final de 2019. Ainda que levemente melhores, os indicadores antecedentes de outubro não sugerem mudança material para o início do último trimestre do ano. A piora das condições financeiras e a erosão da renda disponível continuarão pesando sobre a capacidade de consumo das famílias no futuro próximo. 
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Pesquisa Mensal de Comércio
set-21ago-21
MsMAsAac. 12mMsMAsAac. 12m 
Varejo restrito-1.3%-5.5%3.9%-4.3%-4.1%5.0%
Combustíveis e lubrificantes-2.6%-3.9%0.4%-2.8%0.4%0.3%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo-1.5%-3.7%-1.4%-1.0%-4.6%-0.8%
Tecidos, vestuário e calçados-1.1%0.0%11.8%1.0%1.2%11.1%
Móveis e eletrodomésticos-3.5%-22.6%3.1%-2.9%-19.8%7.6%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos0.1%4.2%12.5%0.2%6.6%13.4%
Livros, jornais, revistas e papelaria0.0%-3.5%-23.2%-1.0%1.6%-25.2%
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação-3.6%-14.7%-3.2%-4.6%-9.1%-2.7%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico-2.2%-6.9%18.5%-19.5%-1.5%21.0%
Varejo ampliado-1.1%-4.2%7.0%-3.0%-0.1%8.0%
Veículos, motocicletas, partes e peças-1.7%3.0%14.8%0.3%16.2%14.3%
Material de construção-1.1%-10.3%12.0%-1.2%-6.9%16.0%
Fonte: IBGE
Elaboração: BRCG
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)