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Vendas no varejo (nov/22): Leve viés negativo para o fim de 2022

11/01/2023

Bottom line:  As vendas no varejo frustraram as expectativas de mercado em novembro, tanto no indicador restrito como no ampliado, confirmando o tom de moderação no crescimento das vendas que já tinha emergido em outubro. Por enquanto, seguimos projetando crescimento do PIB de 3,1% em 2022 e de 0,5% em 2023, mas emerge um leve viés negativo para o fim do ano passado.

As vendas no varejo frustraram as expectativas de mercado em novembro, tanto no indicador restrito como no ampliado, confirmando o tom de moderação no crescimento das vendas que já tinha emergido em outubro. O fim de 2022 ganha uma nota mais negativa, com poucos impactos sobre o crescimento do PIB no ano passado, mas, eventualmente, redução do carregamento estatístico e elevação do sarrafo para o crescimento de 2023.
O varejo restrito recuou -0,6% em novembro, desempenho consistente com uma expansão interanual de 1,5%. Ambos os resultados foram inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente -0,3% e 1,9%), trazendo o acumulado em 12 meses a uma expansão de 0,6% (tabela 1). Nos detalhes, a composição do varejo restrito foi mista. Do lado negativo, as vendas de combustíveis e de vestuário mostraram contração, ao passo em que as vendas em supermercados permaneceram estáveis. Do lado positivo, houve nova expansão das vendas de móveis e eletrodomésticos, desempenho provavelmente impulsionado pela Copa do Mundo. Em nível (ajustado sazonalmente), o indicador de varejo restrito tem oscilado, no mesmo patamar, durante todo 2022 (gráfico 1), estando levemente acima do observado no imediato pré-pandemia.
Já o varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) registrou contração de -0,6% na margem, consistente com queda interanual de -1,4%. Ambos foram inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente 0,0% e -0,7%), levando o acumulado em 12 meses a uma contração de -0,8% (tabela 1). O comportamento do indicador ampliado segue mais frágil que o do restrito, o que faz sentido dado que automóveis e materiais de construção são mais “crédito-intensivos”. Na margem, ambas as categorias mostraram expansão (de, respectivamente, 0,4% e 3,0%), ainda que construídas sobre grandes contrações em outubro. Em nível (ajustado sazonalmente), o varejo ampliado se encontra, agora, abaixo do patamar observado ao final de 2019 (gráfico 1).
O comportamento do varejo em novembro não mudou a nossa avaliação do cenário prospectivo, ainda que tenha introduzido um leve viés negativo para o fim do ano passado. Por enquanto, seguimos projetando expansão do PIB de +3,1% em 2022 e de +0,5% em 2023. 
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)