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Vendas no varejo (ago/23): Certa acomodação

Bottom line: Os resultados do varejo de agosto sugeriram alguma redução da demanda, especialmente no indicador ampliado. Combinado às divulgações recentes de indústria e serviços, emerge certa acomodação da atividade no decorrer do 3º trimestre. Seguimos projetando expansão do PIB de +2,9% em 2023.

As vendas no varejo restrito recuaram -0,2% em agosto, desempenho consistente com uma expansão interanual de +2,3%. Pelo terceiro mês consecutivo, os resultados foram superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente em -0,7% e +1,2%), fazendo com que a expansão acumulada em 12 meses tenha oscilado para +1,7% (tabela 1). A composição do resultado mensal seguiu mostrando vendas em velocidades distintas, com expansão em combustíveis e supermercados, em paralelo a contrações em vestuário, “móveis e eletrodomésticos” e outros artigos de uso pessoal. Emerge, nesse sentido, certo direcionamento do consumo para itens mais básicos; em nível (ajustado sazonalmente), o varejo restrito dá sinais de exaustão na suave aceleração observada há um par de meses (gráfico 1).

Tal como observado em julho, a surpresa positiva no varejo restrito não se transmitiu ao indicador ampliado. Em agosto, houve contração de -1,3% nas vendas, consistente com crescimento interanual de +3,6%. Ambos os resultados foram inferiores ao projetado pelo mercado (respectivamente -0,7% e +4,7%), mas, ainda assim, o crescimento acumulado em 12 meses acelerou para +2,7% (tabela 1). A surpresa negativa de agosto ficou por conta do setor de construção civil, virtualmente estagnado na margem. Já o setor automotivo segue sem tendência definida, trocando, a cada mês, expansões e contrações. Em nível, a piora relativa do indicador ampliado, frente ao restrito, fica evidente (gráfico 1): o repique gerado pelas vendas automotivas subsidiadas, ocorrido em meados do ano, se exauriu.

Em conclusão, os indicadores de alta frequência de agosto sugerem alguma moderação na demanda, tanto por bens como por serviços (gráfico 2). Seguimos projetando expansão do PIB de +2,9% em 2023, estimativa que está na ponta mais pessimista do mercado. Lembramos que haverá revisão das séries históricas do PIB quando da divulgação do 3º trimestre; reavaliações mais profundas do cenário devem esperar essas mudanças.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores gerais de atividade (dez/19=100)