BRCG

Brasil – PIB (2021.T1)

01/06/2021

O PIB do 2021.T1 registrou expansão interanual de +1,0% AsA, consistente com crescimento na margem (sobre o trimestre anterior, ajustado sazonalmente) de +1,2% TsT. No acumulado em 12 meses, o PIB contraiu -3,8%, melhorando em relação à queda de -4,1% registrada em 2020. Os resultados foram mais fortes do que as expectativas de mercado, ainda que mais fracos do que nossas projeções. Do lado da oferta, a principal diferença em relação às nossas projeções ocorreu nos serviços, que mostraram contração de -0,8% AsA, sendo mais fracos do que esperávamos (+0,2% AsA). Do lado da demanda, a principal surpresa ocorreu no forte crescimento de +17,0% AsA dos investimentos, pouco mais que o dobro de nossa estimativa (+8,3% AsA). Incorporando as informações mais recentes do PIB e reconhecendo a menor sensibilidade ao recente recrudescimento sanitário, revisamos a nossa projeção de crescimento do 2021.T2 para +11,5% AsA. Nossa nova projeção de crescimento do PIB em 2021 é de +4,4%.

 
O PIB do 2021.T1 registrou expansão de +1,0% AsA (interanual), consistente com expansão na margem (frente ao último trimestre de 2020, na série livre de influências sazonais) de +1,2% TsT. Ambos os resultados foram mais fortes do que a mediana das expectativas de mercado (+0,5% AsA e +0,9% TsT), ainda que levemente mais fracos do que as nossas projeções (+1,3% AsA e +1,5% TsT). No acumulado em 12 meses, o PIB contraiu -3,8%, resultado melhor do que a contração de -4,1% observada ao final de 2020. As principais aberturas do PIB podem ser observadas na tabela 1
Pelo lado da oferta, as contribuições positivas ocorreram na agropecuária (+5,2% AsA e +5,7% TsT) e na indústria (+3,0% AsA e +0,7% TsT), em ambos os casos com resultados mais fortes do que nossas estimativas (para a métrica interanual, respectivamente +3,7% e +2,5%). Nota-se que o desvio na indústria não ocorreu na indústria de transformação, para a qual estimamos expansão muito próxima da ocorrida (+5,3% AsA vs. resultado de +5,6% AsA), sugerindo, implicitamente, um resultado mais forte do que esperávamos na construção civil. Do lado negativo, os serviços mostraram contração interanual de -0,8% AsA, número mais fraco do que nossa projeção (+0,2% AsA) e consistente com pequena expansão na margem de +0,4% TsT. A retomada dos serviços é mais lenta do que a das outras componentes da oferta e sua contração acumulada em 12 meses continua sendo a mais profunda.
Pelo lado da demanda, tivemos nova surpresa positiva nos investimentos, com fortíssimo crescimento de +17,0% AsA, bastante superior à nossa projeção (+8,3% AsA). Lembramos que o resultado dos investimentos foi surpreendente no último trimestre de 2020 e, mesmo assim, registrou-se importante expansão na margem de +4,6%. Como espelho da fraqueza em serviços, tanto o consumo das famílias como o consumo do governo mostraram contração interanual (respectivamente -1,7% AsA e -4,9% AsA) e pequenas contrações na margem (-0,1% TsT e -0,8% TsT); em ambos os casos, os resultados foram mais fracos do que nossas projeções (na métrica interanual, -1,4% AsA e -2,5% AsA). Por fim, o crescimento de +0,8% AsA das exportações veio praticamente alinhado à nossa projeção (+0,9% AsA), ao passo em que o crescimento de +7,7% AsA das importações foi superior à nossa projeção (+5,5% AsA) – a diferença, no entanto, parece ser insuficiente para explicar a nossa diferença de projeção em investimentos (pelo canal de absorção de máquinas e equipamentos importados).
Ainda que levemente mais fraco do que nossa expectativa, o resultado do PIB no 2021.T1 confirma a baixa sensibilidade da atividade a este novo ciclo de recrudescimento sanitário. Reconhecendo isso e os fortes indicadores antecedentes de atividade no 2021.T2, revisamos marginalmente a nossa projeção de crescimento de 2021 para +4,4%. Tal revisão incorpora um 2021.T2 mais forte, para o qual esperamos uma expansão de +11,5% AsA. A retomada da economia continuará no segundo semestre do ano, em ritmo que tende a ser mais moderado devido aos impactos da inflação sobre a renda disponível e ao avanço da normalização monetária. Como tem acontecido desde a eclosão da Covid, nossas projeções continuam sujeitas a um grau de incerteza mais elevado do que o usual.
Tabela 1: Crescimento do PIB (Principais aberturas, observado vs. projeções BRCG)
 PIB 1º Tri 2021IBGE
(TsT)
IBGE
(AsA)
IBGE
(ac.12m)
 BRCG
 (AsA)
PIB a preços de mercado1.2%1.0%-3.8%1.3%
Ótica da ofertaAgropecuária5.7%5.2%2.3%3.7%
Indústria0.7%3.0%-2.7%2.5%
Extrativa3.2%-1.3%-0.3%N/A
Transformação-0.5%5.6%-2.7%5.3%
SIUP0.9%2.1%0.5%N/A
Construção civil2.1%-0.9%-6.9%N/A
Serviços0.4%-0.8%-4.5%0.2%
Ótica da demandaConsumo das famílias-0.1%-1.7%-5.7%-1.4%
Administração Pública-0.8%-4.9%-5.7%-2.5%
Formação Bruta de Capital Fixo4.6%17.0%2.0%8.3%
Exportações3.7%0.8%-1.0%0.9%
Importações11.6%7.7%-9.2%5.5%
Fonte: IBGE e BRCG