BRCG

Brasil – Vendas no varejo (mar/21)

07/05/2021

As vendas no varejo surpreenderam positivamente em março, mostrando uma queda mensal bem menos intensa do que a esperada com a imposição de novas restrições sanitárias. O varejo restrito contraiu somente -0,6% no mês, consistente com uma expansão anual de +2,4%. Já o varejo ampliado contraiu -5,3% em março, implicando em expansão anual de +10,1%. Todos os resultados, tanto no restrito como no ampliado, foram sensivelmente melhores do que as expectativas de mercado. Com a indústria e o varejo mais fortes em março, sugere-se tanto um resultado melhor para o PIB do 1o trimestre como impactos menos negativos na largada do 2o trimestre. Em breve faremos uma revisão positiva na projeção de crescimento do primeiro semestre, com implicações para o resultado agregado de 2021.

As vendas no varejo surpreenderam positivamente em março, mostrando uma queda mensal bem menos intensa do que a esperada com a imposição de novas restrições sanitárias. O varejo restrito contraiu somente -0,6% no mês, consistente com uma expansão anual de +2,4%. Ambos os resultados foram muito superiores à mediana das expectativas de mercado (respectivamente -5,1% e +2,4%), acelerando a expansão acumulada em 12 meses para +0,7%. Na métrica mensal, todas as categorias registraram contração, à exceção de “hipermercados e supermercados” (+3,3% mensal e -3,9% anual). Os principais destaques negativos ocorreram em vestuário (-41,5% mensal), “móveis e eletrodomésticos” (-22,0% mensal) e “livros, jornais e papelaria” (-19,1%), sendo os dois primeiros claramente afetados pela nova rodada de medidas sanitárias restritivas (tabela 1).

O varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) também surpreendeu positivamente, com contração de -5,3% mensal e expansão anual de +10,1%. Ambos os resultados foram bem mais fortes do que a mediana de mercado (respectivamente -11,5% e +5,9%), ainda que tenhamos observado contração na margem tanto em veículos (de relevante -20,0% mensal, consistente com expansão anual de +27,6%) como em material de construção (-5,6% mensal e +33,4% anual). Apesar da surpresa positiva, a contração acumulada em 12 meses manteve-se em -2,3% (tabela 1).
É inequívoco que os resultados de março foram bem melhores do que os indicadores antecedentes sugeriam, ajudando a explicar os grandes desvios em relação às expectativas de mercado. Com a indústria e o varejo mais fortes no mês, sugere-se tanto um resultado do PIB do 2021.T1 mais forte como impactos menos negativos na largada do 2021.T2. Isso posto, faremos em breve uma revisão positiva em nossa projeção de crescimento do PIB no primeiro semestre de 2021, o que terá implicações sobre o carregamento estatístico e ampliará o crescimento esperado para o ano.
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Pesquisa Mensal de Comércio
mar-21fev-21
MsMAsAac. 12mMsMAsAac. 12m 
Varejo restrito-0.6%2.4%0.7%0.5%-3.9%0.4%
Combustíveis e lubrificantes-5.3%-1.4%-10.5%-0.8%-10.6%-11.1%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo3.3%-3.9%3.2%0.7%-4.6%4.4%
Tecidos, vestuário e calçados-41.5%-12.0%-23.8%7.5%-18.8%-25.4%
Móveis e eletrodomésticos-22.0%11.9%10.0%9.9%0.6%8.2%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos-0.1%12.1%8.9%-0.4%8.8%8.9%
Livros, jornais, revistas e papelaria-19.1%-19.6%-41.8%24.6%-41.0%-42.3%
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação-4.5%0.9%-14.8%-0.8%-10.2%-16.6%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico-5.9%29.9%5.4%-2.5%2.0%2.2%
Varejo ampliado-5.3%10.1%-1.1%3.2%-1.9%-2.3%
Veículos, motocicletas, partes e peças-20.0%27.6%-12.8%8.9%-3.6%-15.9%
Material de construção-5.6%33.4%16.1%2.4%18.1%13.1%
Fonte: IBGE
Elaboração: BRCG