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China – PIB 2024.T1 e Tracking PIB (2024.T2 – 1ª atualização): Surpresa na largada

Bottom line: O crescimento do PIB chinês superou a mais otimista das projeções no 2024.T1, com sinais de aumento da produção voltada às exportações. Revisões da série histórica aumentaram a herança estatística, facilitando o cumprimento da meta de crescimento em 2024. A estratégia de “crescer pelas vendas externas” nos parece limitada na atual conjuntura, mas colheu frutos no início do ano.

Revertendo a frustração observada ao final de 2023, o crescimento do PIB chinês surpreendeu os analistas no 1º trimestre de 2024. Ainda não temos todas as aberturas disponíveis, o que impossibilita análises mais profundas neste momento. Resulta relativamente claro, no entanto, que a estratégia de “crescer olhando para fora” deu frutos no início do ano, com aparente força das exportações líquidas e do setor secundário (indústria). Temos deixado claro que os limites dessa estratégia nos parecem mais estreitos na atual conjuntura, combinando tanto uma demanda claudicante quanto a progressiva oposição a uma enxurrada de (certos) produtos chineses em (certos) mercados externos. No curtíssimo prazo, porém, fica o desempenho positivo – que ajuda na largada do ano e torna a aderência à meta de crescimento anual mais “fácil”.

Em números, a expansão interanual do PIB de +5,3% foi superior à mais elevada das estimativas do mercado (29 respondentes qualificados na Bloomberg), sendo sensivelmente mais forte tanto do que a mediana das projeções quanto do que a nossa projeção (gráfico 1). Na margem, o crescimento do PIB avançou para +1,6% TsT (sobre o trimestre anterior, na série ajustada sazonalmente), acelerando frente ao observado no final de 2023 (gráfico 2). Note-se que houve nova revisão da série ajustada sazonalmente, aumentando o crescimento sequencial na segunda metade do ano passado. Com isso, a herança estatística de 2023 para 2024 aumentou 0,3p.p. de PIB (gráfico 3), o que, por si, já nos colocaria bastante próximos de um crescimento de 5,0% neste ano.

Como dito, as aberturas já disponíveis são limitadas. Mas é possível identificar alguns padrões, que se alinham à estratégia chinesa, já usada muitas vezes no passado, de “produzir para exportar”. Isso se observa, pela ótica da oferta, no aumento da contribuição do setor secundário (dentro do qual está a indústria de transformação) para o crescimento da economia no 1º trimestre (gráfico 4). A contrapartida, do lado da demanda, parece estar em aumento da absorção, seja doméstica (consumo agregado) ou externa, através da reversão, ao terreno positivo, das exportações líquidas (gráfico 5).

A sustentabilidade dessa estratégia é delicada, quando lembramos das inúmeras restrições enfrentadas pelas empresas chinesas para promover as suas vendas externas, e se notamos que a bateria de dados de março não foi particularmente boa (mais sobre isso em outras publicações do Flash Econômico BRCG). Ainda assim, o carregamento estatístico mais elevado e os sinais de alta frequência mais robustos do início do trimestre foram suficientes para promover revisões em nosso cenário prospectivo. Esperamos, agora, que a China atinja o crescimento do PIB de +5,0% em 2024 (tabela 1).

Gráfico 1: Crescimento do PIB trimestral (interanual, comparado às expectativas de mercado)

Gráfico 2: Crescimento do PIB trimestral (margem, ajustado sazonalmente)

Gráfico 3: Herança estatística (p.p. de crescimento do PIB)

Gráfico 4: Crescimento anual do PIB (ótica da oferta)

Gráfico 5: Crescimento anual do PIB (ótica da demanda)

Tabela 1: Tracking PIB China (2024.T2 – 1ª atualização)