Bottom line: O Banco
Central reduziu a taxa de juros em 50bps na reunião de janeiro, como amplamente
esperado, trazendo a Selic para 11,25%a.a. Foram mínimos os ajustes feitos
pela autoridade monetária, que segue vendo o ritmo atual de cortes de juros como
adequado. Esperamos que a Selic atinja 9,00%a.a. no terceiro trimestre,
permanecendo neste patamar até o fim do ano que vem.
Em linha com a unânime
expectativa do mercado, o Banco Central reduziu a taxa Selic em 50bps nesta
reunião, trazendo a taxa de juros para 11,25%a.a. De maneira geral, foi um
Comunicado bastante lacônico, repetindo a imensa parte das sinalizações
prévias. De novidade, e na direção dovish, deixou-se
de descrever o cenário externo como adverso, ainda que siga sendo tratado como
volátil. O debate sobre o início da flexibilização monetária nas economias
desenvolvidas foi destacado, dando um tom mais suave aos "ventos
externos".
Como esperávamos, não houve
mudanças no balanço de riscos e nem nas projeções condicionais (mesmo que,
nestas, tenha ocorrido um mínimo ajuste de composição). O cenário relevante
passa a ser, em maior grau, a projeção de inflação de 2025 - e ela se encontra,
pelo modelo oficial, um pouco acima da meta (3,2%). Também de acordo com nossas
expectativas, o "forward guidance"
de ritmo de cortes seguiu o mesmo, sinalizando, pelo menos, mais duas reduções
consecutivas de 50bps na taxa básica de juros da economia.
Em conclusão, não vemos
qualquer razão para mudar as nossas projeções. Esperamos a manutenção do ritmo
de cortes de 50bps por grande parte do ano, entregando uma Selic terminal de
9,00% no terceiro trimestre (4 cortes de 50bps e um corte final de 25bps). Com
esse patamar de juros, mantido até o final de 2025, não enxergamos cumprimento
da meta de inflação no horizonte relevante, mas, tampouco, infração do regime
de metas.
Mais detalhes seguem abaixo.
Como sempre, texto anterior em vermelho e novo texto sublinhado, com grifos
onde julgamos relevante.
(1) Cenário externo:
Única mudança relevante do Comunicado. Cenário segue volátil, mas deixa de ser
descrito como adverso. Deu-se foco ao início do debate sobre flexibilização
monetária nas economias desenvolvidas. Causa certa surpresa que as questões
geopolíticas recentes não tenham sido abordadas, o que deve ocorrer nas
Minutas.
O ambiente
externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião
anterior, marcado
pelo arrefecimento das taxasdebate sobre o início da flexibilização de juros de prazos mais longos nos Estados Unidospolítica monetária nas principais economias e depor sinais incipientes de queda dos núcleos de
inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. Os bancos
centrais das principais economias permanecem determinados em promover a
convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por
pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo
cautela por parte de países emergentes.
(2) Atividade
doméstica: Sem quaisquer mudanças no cenário de atividade.
Em relação
ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue
consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom.
(3) Inflação
e expectativas: Sem quaisquer mudanças na tipificação do cenário, com
mínimo ajuste nas expectativas Focus de 2024.
A inflação
cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque paraassim como as medidas de inflação
subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais
recentes.
As
expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela
pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,5%, 3,93,8% e 3,5%, respectivamente.
(4) Projeções
condicionais: Como esperado, projeções condicionais de 2024 e 2025 se
mantiveram. É importante notar que houve marginalmente aumento da projeção de
preços livres em 2024, devido ao recuo da projeção de administrados, com
compensação equivalente em 2025. Nada relevante para o cenário.
As
projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 4,6% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. As
projeções para a inflação de preços administrados são de 9,1% em 2023, 4,54,2% em 2024 e 3,63,8% em 2025
(5) Balanço
de riscos e decisão: Estritamente igual ao anterior. A opção por não
reforçar o debate fiscal provavelmente advém do atraso na divulgação do
resultado medido pelo BCB. Note-se, no entanto, que o horizonte relevante
começa a migrar para 2025, o que é natural neste momento do ciclo monetário.
O Comitê
ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em
ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as
expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões
inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência
na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto
mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da
atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a
desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê
avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue
incerta e exige cautela na condução da política monetária.
Tendo em
conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a
ancoragem das expectativas de inflação e,consequentemente,
para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme
persecução dessas metas.
Considerando
a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de
riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a
taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,7511,25% a.a., e entende que essa
decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor
da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o
de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade
de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de
atividade econômica e fomento do pleno emprego.
(6) Próximos
passos: O Comitê segue confortável com o cenário, e sinaliza a manutenção
do ritmo de 50bps de cortes nas próximas reuniões (pelo menos mais duas).
A
conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que
tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação
na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar
com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o
processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de
suas metas.
Em se
confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem
redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo
apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o
processo desinflacionário. O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de
flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica
inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária
e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas
de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço
de riscos
Votaram por uma redução de 0,50 ponto
percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto
(presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e , Paulo Picchetti, Renato
Dias de Brito Gomes e
Rodrigo Alves Teixeira