BRCG

Flash BRCG | Vendas no varejo (fev/24): Surfando estímulos

Bottom line: As vendas no varejo voltaram a surpreender em fevereiro, mantendo o ímpeto observado em janeiro. Parece seguro dizer que a robustez do mercado de trabalho e as medidas governamentais de promoção da demanda interna estão tendo efeitos sobre as vendas.

No embalo da leitura positiva de janeiro, as vendas no varejo restrito avançaram +1,0% em fevereiro, consistente com uma expansão interanual de +8,2%. Os resultados foram significativamente superiores ao consenso de mercado (-1,5% e +3,7%, respectivamente), levando o crescimento acumulado em 12 meses a acelerar para +2,3%. Em sua composição (tabela 1), os avanços marginais mais significativos apareceram nas categorias de “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” e “Livros, jornais, revistas e papelaria”, sendo contrapostos por divulgações fracas em “Combustíveis e lubrificantes” e em “Hipermercados e supermercados”. Há, portanto, detalhes não tão virtuosos quanto o headline, mas é inegável que o varejo manteve, em fevereiro, o forte momentum já observado em janeiro; no nível, sazonalmente ajustado, o varejo restrito acelera neste início de 2024 (gráfico 1).

O tom positivo da métrica restrita se manteve no varejo ampliado, com incremento marginal de +1,2% no mês, consistente com expansão interanual de +9,7%. Assim como na leitura restrita, os resultados também foram muito superiores às expectativas de mercado (-0,8% +6,3%, respectivamente). No acumulado em 12 meses, o crescimento acelerou para 3,6%. Dentre as suas aberturas (tabela 1), destaque para o forte crescimento das vendas automotivas, além da manutenção de importante expansão interanual no “atacarejo”. Tal como no varejo restrito, é seguro dizer que o varejo ampliado registrou forte aceleração neste início de ano (gráfico 1).

Em conclusão, é inevitável estabelecer um paralelo entre o desempenho recente do varejo, as medidas de promoção da demanda interna que estão sendo postas em prática pelo governo, abarcando iniciativas fiscais e creditícias, e a pujança do mercado de trabalho. Enquanto os impulsos forem relevantes, é razoável admitir que o desempenho das vendas será forte. É necessário, no entanto, cuidado ao extrapolar esse crescimento das vendas ao PIB; a depender de como a maior demanda for suprida (produção interna ou importações), teremos efeitos bem diferentes sobre o valor adicionado na economia.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)