Pesquisa mensal de serviços (fev/24): Balde de água fria

Bottom line: Interrompendo uma sequência de divulgações positivas, a pesquisa mensal de serviços contraiu -0,9% em fevereiro. O resultado foi bastante inferior ao esperado pelo mercado, com composição ruim. Aumentam as evidências de descasamento entre demanda e oferta na economia, questão que deve ser acompanhada de perto adiante.

Interrompendo uma sequência de sucessivas expansões, a pesquisa mensal de serviços contraiu -0,9% em fevereiro, resultado consistente com uma expansão interanual de +2,5%. Os números foram sensivelmente piores que o esperado pelo mercado (+0,2 e +5,0%, respectivamente), reduzindo o crescimento acumulado em 12 meses para 2,2%. Dentre as suas principais aberturas (tabela 1), apenas a categoria de “Serviços prestados às famílias” expandiu na margem – e, note-se, partindo de base comparativa bastante favorável no mês anterior.

Assim, o resultado foi, tanto quantitativamente como qualitativamente, ruim, lançando um balde de água fria nos analistas que se animaram com o comportamento da atividade após a recente divulgação das vendas no varejo. Em perspectiva mais longa, a pesquisa mensal de serviços sugere estagnação do segmento, mantendo a dinâmica observada desde o ano passado (gráfico 1).

Em conclusão, os indicadores de atividade em alta frequência de fevereiro sugerem uma crescente dicotomia entre a demanda interna e a oferta na economia, com robustas leituras nas vendas no varejo e frustração na indústria e nos serviços (gráfico 2). Como temos repetido há algum tempo, há boas razões para acreditar em aumento da absorção interna (mercado de trabalho, crédito, aumento da renda disponível), mas a tradução disso em crescimento do PIB (ou seja, aumento do valor adicionado no país) segue um tanto incerta. Quanto maior o descasamento entre demanda e oferta, mais complicado tende a ser o cenário inflacionário prospectivo; essa questão deve ser acompanhada de perto nos próximos meses.

Tabela 1: Principais resultados da PMS