BRCG

PIB (2022.T3): História reescrita para melhor

01/12/2022

Bottom line: O PIB do terceiro trimestre de 2022 registrou expansão interanual de +3,6%, consistente com crescimento marginal (sobre o trimestre anterior, ajustado sazonalmente) de +0,4%. A divulgação foi acompanhada de importantes revisões na série histórica, melhorando o desempenho da economia desde 2020. Com as novas informações disponíveis, esperamos um crescimento do PIB de 3,2% em 2022 e de 0,5% em 2023.


O PIB do 2022.T3 registrou expansão interanual de +3,6% AsA, consistente com crescimento na margem (frente ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais) de +0,4% TsT. No acumulado em 12 meses, o crescimento do PIB recuou para +3,0% (tabela 1), já incorporando revisões na série histórica, que são usuais no terceiro trimestre de cada ano. Nesse sentido, a comparação com as projeções do mercado, inclusive com as nossas, não faz sentido para esta divulgação. Qualquer acerto terá ocorrido “ao acaso”, quanto mais se tiverem ocorrido importantes revisões históricas – o que foi observado nesta divulgação.
Na série revisada, fica evidente que a aceleração sequencial da economia brasileira ganhou força a partir de meados de 2021, perdendo um pouco de ímpeto no 2022.T3 (gráfico 1). Ainda assim, a recuperação desde o choque da pandemia foi relevante: em nível, ajustado sazonalmente, o PIB brasileiro se encontra pouco mais de 4,0p.p. acima do imediato pré-pandemia.
A composição do resultado do trimestre (tabela 1) mostra que o crescimento observado foi difuso e robusto. Com exceção da agricultura, todas as principais aberturas do PIB registraram expansão na margem, tanto pelo lado da oferta como pelo lado da demanda. Na oferta, destaque absoluto para o comportamento dos serviços (4,5% AsA e 1,1% TsT) e da indústria (2,8% AsA e 0,8% TsT), em específico da construção civil (6,6% AsA e 1,1% TsT). Como espelho, do lado da demanda, foram notáveis os desempenhos do consumo, seja privado (4,6% AsA e 1,0% TsT) ou público (1,0% AsA e 1,3% TsT), e dos investimentos (5,0% AsA e 0,8% TsT).
Note-se, por fim, que as revisões da série histórica reescreveram o passado – e, nessa divulgação, para melhor. Olhando os dados definitivos de 2020, através do Sistema de Contas Nacionais Anuais (tabela 2), observamos que a contração da economia foi menor durante a pandemia. A queda do PIB foi revista para -3,3% (anterior: -3,9%), com melhores desempenhos em todas as principais aberturas da oferta – destacando quedas menos intensas nos serviços – e da demanda – como espelho, com desempenho menos negativo do consumo.
As revisões preliminares das contas de 2021, explícitas no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (tabela 3) mostraram retomada mais pujante no ano passado, com crescimento de 5,0% (anterior: 4,6%), a despeito de base comparativa menos favorável ao crescimento – posto que a recessão de 2020 mostrou-se menor do que anteriormente imaginado. O perfil de crescimento do ano passado foi mais robusto, com revisão positiva de todas as principais rubricas da oferta – e, de novo, com destaque para serviços – e da demanda, à exceção dos investimentos (que, ainda assim, mantiveram relevante crescimento anual). Em suma, caímos menos em 2020 e tivemos recuperação mais vigorosa em 2021, com composição mais salutar. 
Tabela 1: Crescimento do PIB (Principais aberturas, observado vs. projeções BRCG)
Gráfico 1: Nível do PIB (ajustado sazonalmente, dez/19=100)
 
Tabela 2: Revisão das contas nacionais de 2020 (definitiva, SCNA)
Tabela 3: Revisão das contas nacionais de 2021 (preliminar, SCNT)