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Produção industrial (fev/21)

01/04/2021

A produção industrial contraiu -0,7% em fevereiro, consistente com uma expansão anual de +0,4%. Os resultados foram sensivelmente piores do que a mediana das expectativas de mercado. Mesmo após a surpresa negativa de fevereiro, nosso cenário base é de que a indústria tenha relevante recuperação no decorrer de 2021. Vemos riscos negativos derivados da piora sanitária, da desorganização das cadeias de valor e da exaustão do ciclo de demanda em bens duráveis e semi-duráveis, contrapostos por evidências de substituição de importações, especialmente em bens de capital e bens duráveis.
A produção industrial contraiu -0,7% em fevereiro, consistente com uma expansão anual de +0,4%. O resultado foi bastante inferior à mediana das expectativas de mercado (+0,5% mensal e +1,9% anual). A contração da indústria na margem interrompeu um longo período de expansões sequenciais que se estendia desde mai/20, lançando dúvidas sobre o comportamento da indústria em momento de restrições sanitárias e desorganização das cadeias de suprimentos.
Tanto a indústria de transformação como a indústria extrativa registraram contrações mensais (respectivamente -0,2% e -4,7%), com a segunda voltando ao terreno negativo na métrica anual (+1,3% e -6,6%). Pelas categorias de uso, foram destaques negativos os bens de consumo, sejam duráveis (-4,6% mensal e -8,3% anual) ou semi-duráveis/não duráveis (-0,3% mensal e -1,7% anual) e os bens de capital, com contração na margem mas mantendo forte desempenho interanual (-1,5% mensal e + 16,1% anual). Do lado positivo, bens intermediários registraram expansão tanto na margem como anual, ainda que ambas tenham sido moderadas (respectivamente, +0,6% e +0,4%).
Nosso cenário base continua sendo de relevante recuperação da indústria no decorrer de 2021, compensando o mau resultado observado no ano passado. Há, no entanto, riscos a ponderar. Do lado negativo, o aumento das restrições sanitárias e a desorganização das cadeias de suprimentos devem levar a choques na produção industrial de março e, possivelmente, também na de abril. Além disso, entendemos que o ciclo de demanda por bens duráveis e semi-duráveis aproxima-se da exaustão, o que tenderá a desacelerar a produção destas categorias de uso adiante. Do lado positivo, temos evidências de substituição de importações, o que dará suporte à expansão da atividade industrial no ano. Isso é particularmente claro nos segmentos de bens de capital e nos bens de consumo duráveis.
Maiores detalhes podem ser observados na tabela abaixo.
Produção Industrial Mensal
fev-21jan-21
MsMAsAac. 12mMsMAsAac. 12m 
Indústria geral-0.7%0.4%-4.2%0.4%2.3%-4.2%
Atividades industriais
Extrativa-4.7%-6.6%-2.5%1.0%0.2%-2.0%
Transformação-0.2%1.3%-4.4%0.1%2.7%-4.5%
Categorias de uso
Bens de capital-1.5%16.1%-7.3%4.6%17.3%-8.9%
Bens intermediários0.6%0.4%-0.9%-1.0%2.8%-0.7%
Bens de consumo duráveis-4.6%-8.3%-20.1%-1.0%-4.0%-20.2%
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis-0.3%-1.7%-5.9%1.7%-0.6%-5.9%
Fonte: IBGE
Elaboração: BRCG