Bottom line: A produção industrial voltou a contrair no início de 2024, devolvendo grande parte dos ganhos observados ao final do ano passado. Seguimos sem ver uma trajetória clara de retomada na indústria brasileira.
A produção industrial recuou -1,6% em janeiro, desempenho consistente com uma expansão interanual de +3,6%. O resultado marginal foi alinhado ao esperado pelo mercado (ressaltando, aqui, revisão positiva da expansão marginal observada em dezembro), ao passo em que o resultado interanual foi acima da previsão dos analistas (+3,0%). No acumulado em 12 meses, a indústria agora avança módicos +0,4%.
Dentre as suas principais aberturas (tabela 1), notamos que o resultado negativo de janeiro foi puxado por contrações tanto na indústria extrativa como na de transformação. Dentre as categorias da transformação, houve resultados mistos, com expansão marginal de bens de capital e bens duráveis, mas contração de intermediários e semiduráveis/não duráveis. Não há uma tendência definida, como fica evidente no comportamento da indústria em nível, com ajuste sazonal (gráfico 1) – os ganhos obtidos nos últimos meses de 2023, em grande medida devido à indústria extrativa, parecem ter sido devolvidos no início de 2024.
Em conclusão, a indústria segue sem rumo, andando de lado há um longo período. Esperamos um mínimo crescimento em 2024, isso já contando com nova contribuição positiva da indústria extrativa. Somos céticos quanto ao efeito que as iniciativas governamentais mais recentes terão sobre o desempenho industrial neste ano.
Tabela 1: Principais aberturas da produção industrial (MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
Gráfico 1: Produção industrial (dez/2019=100, SA)
