Bottom line: A expansão da indústria em março, mesmo que inferior ao esperado pelo mercado, dá um tom levemente mais positivo para o desempenho do 1° trimestre do ano. Mesmo assim, esperamos um desempenho pouco robusto da indústria durante 2024.

A produção industrial avançou +0,9% em março, resultado consistente com uma contração interanual de -2,8%. Ambas as leituras foram, novamente, abaixo das expectativas de mercado (respectivamente +1,4% e -2,4%), ressaltando revisões na série histórica que dificultam uma comparação com as expectativas de mercado (em fevereiro, o resultado marginal foi revisto para expansão de +0,3%, com crescimento interanual subindo para +5,4%). No acumulado em 12 meses, o crescimento da indústria recuou para +0,7%.

Analisando as principais aberturas do setor (tabela 1), tivemos um mês de expansão marginal tanto na extrativa como na transformação. O resultado da transformação, em específico, combinou dinâmicas bastante distintas dentre as principais categorias de uso, com contrações relevantes em bens de capital e bens de consumo duráveis. Nos detalhes, portanto, o resultado foi menos positivo, ainda que seja notável que voltamos a registrar, no agregado, uma expansão sequencial. Isso fica particularmente claro se observarmos a evolução da indústria em nível, ajustado sazonalmente (gráfico 1); há clara tendência ascendente, mesmo que suave, e que volta a ganhar tração no início de 2024.

Em conclusão, o dado de março sugere pequena retomada da indústria no início do ano, dando um tom mais positivo ao desempenho recente do setor. Seguimos longe de um cenário de retomada robusta da indústria brasileira, sem mudar, materialmente, a nossa visão de crescimento bastante moderado em 2024.

Tabela 1: Principais aberturas da produção industrial (MsM, AsA e acumulado em 12 meses)

Gráfico 1: Produção industrial (dez/2019=100, SA)