03/12/2021
Bottom line: A produção industrial recuou -0,6% em outubro, consistente com uma contração interanual de -7,8%. Os resultados foram bastante inferiores à mediana das expectativas de mercado, já configurando uma sequência de frustrações relativamente extensa. Ainda que a indústria se recupere em 2021, compensando o mau resultado de 2020, já é evidente que o cenário prospectivo se desenha de maneira bastante negativa – no que resta deste ano e, também, em 2022.
A produção industrial recuou -0,6% em outubro, consistente com uma contração interanual de -7,8%. O resultado mensal foi bastante inferior à mediana das expectativas de mercado (+0,8%), já configurando uma sequência de frustrações relativamente extensa. Com a exaustão do efeito-base favorável, tanto as leituras interanuais como a expansão acumulada em 12 meses começaram a perder terreno (tabela 1) – tal tendência só começou.
As principais aberturas da indústria mostram novamente fraqueza disseminada na margem, reforçando o cenário de desaceleração da atividade industrial neste final de 2021 (gráfico 1). A indústria extrativa contraiu fortemente na margem, ainda que mantendo tendência de aceleração no acumulado em 12 meses. A indústria de transformação, por sua vez, permaneceu praticamente estável na margem, mas com redução das métricas interanual e acumulada em 12 meses (tabela 1).
Pelas categorias de uso da transformação (tabela 1), continuamos, no geral, com notícias negativas na margem. De positivo, tivemos expansão da produção de bens de capital, depois de contração em setembro. Todas as outras categorias de uso registraram contração na margem, pelo segundo mês consecutivo. Destaque absoluto para o desempenho da produção de bens de consumo, com sinais evidentes de moderação sob quaisquer métricas analisadas.
Nosso cenário base continua sendo de importante recuperação da indústria em 2021, mais do que compensando o mau resultado de 2020, mas já é evidente que o cenário prospectivo se desenha de maneira bastante negativa. Em nível (ajustado sazonalmente), a indústria se encontra abaixo do pré-Covid (gráfico 1), sem sinal de reversão da tendência de desaceleração durante os próximos meses – a desorganização das cadeias globais de suprimentos, as restrições de oferta domésticas (nos preços de energia), os choque nos preços de insumos (locais e globais, destacando combustíveis) e exaustão do ciclo de demanda por bens conspiram para um fraco desempenho da indústria no que resta deste ano e em 2022.
Tabela 1: Principais aberturas da produção industrial (MsM, AsA e acumulado em 12 meses)
| Produção Industrial Mensal | ||||||
| out-21 | set-21 | |||||
| MsM | AsA | ac. 12m | MsM | AsA | ac. 12m | |
| Indústria geral | -0.6% | -7.8% | 5.6% | -0.6% | -4.0% | 6.4% |
| Atividades industriais | ||||||
| Extrativa | -8.6% | -4.7% | -0.6% | 2.2% | 3.2% | -0.8% |
| Transformação | -0.1% | -8.2% | 6.5% | -0.5% | -4.8% | 7.5% |
| Categorias de uso | ||||||
| Bens de capital | 2.0% | 8.4% | 32.2% | -1.1% | 15.1% | 31.7% |
| Bens intermediários | -0.9% | -6.4% | 4.8% | -0.2% | -3.5% | 5.7% |
| Bens de consumo duráveis | -1.9% | -27.9% | 7.2% | -0.6% | -23.3% | 9.5% |
| Bens de consumo semiduráveis e não duráveis | -1.2% | -10.2% | 0.7% | -0.2% | -5.7% | 1.5% |
| Fonte: IBGE | ||||||
| Elaboração: BRCG | ||||||
Gráfico 1: Produção industrial (dez/19=100, ajustado sazonalmente)
