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Vendas no varejo (abr/22): O diabo nos detalhes

10/06/2022

Bottom line: As vendas no varejo tiveram desempenho robusto em abril, especialmente no indicador restrito, sugerindo a manutenção da retomada cíclica que foi observada no primeiro trimestre. As aberturas dos indicadores mostraram composição menos positiva na margem, de forma que o crescimento observado deve ser encarado com cautela. Os resultados não modificam a nossa visão para o crescimento do PIB de 2022, que permanece abaixo do consenso de mercado.

As vendas no varejo tiveram desempenho robusto em abril, especialmente no indicador restrito, sugerindo a manutenção da retomada cíclica que foi observada no decorrer do primeiro trimestre. Tal como ocorrido em março, houve nova rodada de revisões nas séries históricas, ampliando o crescimento outrora observado. Note-se, no entanto, que as aberturas dos indicadores mostraram composição menos positiva na margem, de forma que o crescimento observado deve ser encarados com cautela.
O varejo restrito avançou +0,9% no mês, resultado consistente com uma expansão interanual de +4,5%. Ambos os resultados foram bastante superiores às expectativas de mercado (respectivamente +0,3% e +2,5%), com revisão do crescimento de março para +1,4% na margem e +4,9% interanual (antes, respectivamente, +1,0% e +4,0%). A despeito das revisões positivas, o crescimento acumulado em 12 meses recuou para +0,8% (tabela 1). A composição do indicador é pior do que o headline sugere, com recuos na margem nas vendas de “combustíveis e lubrificantes”, “hipermercados e supermercados”, “papelaria” e “material de escritório”. O resultado positivo claramente foi puxado por “vestuário” e “móveis e eletrodomésticos”, com forte expansão marginal, construída sobre crescimentos observados no mês anterior.
O varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças), por sua vez, teve resultados alinhados às expectativas de mercado, com crescimento de +0,7% na margem e de +1,5% interanual, reduzindo a expansão acumulada em 12 meses para +2,2%. Também observamos revisão da série histórica, com redução do crescimento marginal de março para +0,1% (anterior: +0,7%) e aumento do crescimento interanual para +5,3% (anterior: +4,5%). Note-se que os resultados de veículos e material de construção foram fracos na margem, com contrações de, respectivamente, -0,2% e -1,6%, após forte expansão em março (tabela 1).
Com composição menos positiva do que o headline, os resultados do varejo de abril devem ser vistos com alguma cautela. Ainda assim, confirma-se o cenário de retomada cíclica das vendas no varejo, avançando neste início de segundo trimestre (gráfico 1). Os resultados estão em linha com nossas expectativas, e não modificam a nossa visão de crescimento do PIB, abaixo do consenso, para 2022.
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)