Vendas no varejo (abr/23): Sinais misto

14/06/2023

Bottom line: Os resultados do varejo foram mistos em abril, com frustração na métrica restrita (mesmo que crescendo na margem) e surpresa positiva na métrica ampliada (mesmo que contraindo na margem). Seguimos sem ver, nos dados de alta frequência, uma economia que demande cortes quase imediatos de juros – há desaceleração, mas estamos longe de um colapso da demanda.

As vendas no varejo restrito avançaram +0,1% em abril, desempenho consistente com uma expansão interanual de +0,5%. Os resultados foram inferiores às expectativas de mercado (respectivamente em +0,3% +0,8%), reduzindo a expansão acumulada em 12 meses para +0,9% (tabela 1). A composição do resultado mensal trouxe, novamente, importantes categorias de consumo em contração, destacando “combustíveis e lubrificantes”, “tecidos, vestuário e calçados” e “móveis e eletrodomésticos”. Em nível, ajustado sazonalmente, o varejo restrito segue em leve tendência de alta, mas dando sinais de moderação neste início do 2023.T2 (gráfico 1).

Já o varejo ampliado (que inclui material de construção, veículos, partes e peças, e vendas no “atacarejo”) registrou contração marginal de -1,6% em abril, desempenho consistente com crescimento interanual de +3,1%. O resultado foi superior ao esperado pelo mercado (respectivamente, -2,2% e +2,0%), trazendo o acumulado em 12 meses à estabilidade, depois de longo período em contração (tabela 1). Na série em nível, ajustado sazonalmente, o varejo ampliado segue relativamente mais forte (gráfico 1), ainda que a diferença em relação ao varejo restrito tenha se reduzido.

A despeito dos sinais mistos, seguimos sem ver, nos dados de alta frequência, uma economia que mostre sinais inequívocos de desaceleração do consumo. Nesse sentido, tamanha pressão para cortes imediatos da taxa de juros seguem nos parecendo um grande exagero, quanto mais se observarmos o comportamento da demanda – que, sim, perde gás, mas está bem longe de colapsar. Com a informação atual, esperamos crescimento do PIB de +1,4% em 2023, e identificamos um leve viés de alta para esse resultado.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)