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Vendas no varejo (abr/24): Detalhes benignos

Bottom line: As vendas no varejo, tanto restrito como ampliado, vieram abaixo das expectativas de mercado em abril. No entanto, os seus detalhes foram relativamente benignos, e seguem alinhados a um processo de retomada de demanda na economia. Resta avaliar como o cenário prospectivo mudará em função da tragédia climática no Rio Grande do Sul.

As vendas no varejo restrito avançaram +0,9% em abril, em relação ao mês anterior, resultado consistente com uma expansão interanual de +2,2%. Ambas as leituras foram inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, +1,7% e +3,9%), notando revisão da série ajustada sazonalmente (em março, a estabilidade mensal passou a um crescimento de +0,3%). No acumulado nos últimos 12 meses, as vendas no varejo restrito avançaram +2,7%. A abertura do indicador foi benigna (tabela 1), com a imensa parte das aberturas registrando expansão marginal. Mesmo frustrando as expectativas de mercado, as vendas no varejo restrito mostraram fôlego adicional no início do 2º trimestre (gráfico 1), reforçando os sinais de retomada do consumo que observamos no início de 2024.

O varejo ampliado, no entanto, registrou contração de -1,0% na margem, consistente com um crescimento interanual de +4,9% em abril. Tal como no caso do varejo restrito, os resultados foram inferiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, +0,3% e +7,3%); ainda assim, o crescimento acumulado em 12 meses avançou para +3,3%. É importante notar que, tal como no varejo restrito, as grandes aberturas do varejo ampliado foram melhores do que o headline sugere (tabela 1) – em específico, foram notáveis as expansões marginais em veículos e materiais de construção. Em nível ajustado sazonalmente, o varejo ampliado perdeu um pouco de gás no início do 2º trimestre (gráfico 1), mas nada que sugira uma reversão do bom desempenho da demanda nos últimos meses.

Em conclusão, os indicadores de atividade em alta frequência de abril sugeriram, em grande medida, uma continuação da narrativa observada no 1º trimestre: os indicadores mais ligados ao consumo seguiram fortes, com oferta de serviços expandindo em ritmo inferior e oferta de bens claudicante (gráfico 2). A questão relevante está adiante, com os efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre o cenário, tanto a curto prazo como a médio prazo. Projetamos uma expansão do PIB de +1,7% em 2024, com ajustes a serem feitos conforme as informações do 2º trimestre estejam disponíveis.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (principais aberturas, MsM, AsA e acumulado em 12 meses)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)

Gráfico 2: Indicadores de atividade em alta frequência (dez/22=100, ajustado sazonalmente)