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Vendas no varejo (ago/22): Fraqueza nos bens

07/10/2022

Bottom line:  Após meses de sucessivas frustrações, as vendas no varejo tiveram um desempenho mais forte do que o esperado em agosto – especialmente o varejo restrito. Ainda assim, o desempenho geral das vendas de bens segue fraco. A fronteira de crescimento, ao menos no curto prazo, segue nos serviços. Reafirmamos nossas projeções de crescimento de +2,5% em 2022 e de +0,3% em 2023, ambas com pequeno viés de alta. 

Após meses de sucessivas frustrações, as vendas no varejo tiveram um desempenho mais forte do que o esperado em agosto – especialmente o varejo restrito. Não muda o fato, no entanto, de que o desempenho geral das vendas segue fraco, sugerindo um efeito menos intenso do que o esperado das políticas de transferência de renda, e da queda da inflação, sobre o consumo de bens na economia. 
O varejo restrito contraiu -0,1% no mês, resultado consistente com uma expansão interanual de +1,6%. Ambos os resultados foram superiores às expectativas de mercado (respectivamente -0,3% e 0,0%). No acumulado em 12 meses, o varejo restrito reduziu a sua contração para -1,4% (tabela 1). Ao contrário do ocorrido em julho, a composição do indicador foi mais benigna, com expansões marginais de combustíveis, hipermercados, vestuário e eletrodomésticos. Em nível (ajustado sazonalmente), o indicador de varejo restrito segue no patamar do final de 2019 (gráfico 1).
Já o varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) registrou queda de -0,6% na margem, consistente com contração interanual de -0,7%. O resultado mensal foi inferior ao esperado pelo mercado (-0,2%), mesmo com expansão na margem das vendas automotivas, e o desempenho interanual se alinhou às projeções dos analistas. No acumulado em 12 meses, o varejo ampliado manteve contração de -2,0% (tabela 1), confirmando o pior desempenho relativo do indicador ampliado – que, em média, é mais “crédito-intensivo” – neste ciclo de restrição financeira e carência de renda disponível. Em nível (ajustado sazonalmente), a desaceleração do varejo ampliado é claramente mais intensa, com o indicador abaixo do observado ao final de 2019 (gráfico 1).
O comportamento do varejo não indica incremento relevante da demanda por bens durante o 2022.T3. A fronteira de crescimento, ao menos no curto prazo, segue nos serviços. Reafirmamos nossas projeções de crescimento de +2,5% em 2022 e de +0,3% em 2023, ambas com pequeno viés de alta. 
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)