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Vendas no varejo (jan/24): Largada forte

Bottom line: As vendas no varejo surpreenderam as expectativas de mercado em janeiro, devolvendo grande parte da frustração observada ao final de 2023. As iniciativas pró-demanda que estão sendo implementadas pelo governo tendem a melhorar o desempenho das vendas, especialmente no curto prazo.

As vendas no varejo surpreenderam positivamente em janeiro, tanto na métrica restrita como na ampliada, mais do que compensando o fraco resultado observado ao final do ano passado. Há múltiplas iniciativas governamentais para majorar a renda disponível no curto prazo, seja através de crédito, transferências ou antecipação de haveres devidos, cujo declarado objetivo é acelerar o consumo no início de 2024. É cedo para afirmar se a surpresa positiva de janeiro já teve relação com estas iniciativas, mas é fato que o resultado se alinha às disposições, e iniciativas, oficiais.

O varejo restrito avançou +2,5% em janeiro, sendo consistente com uma expansão interanual de +4,1%. Os resultados foram sensivelmente superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente +0,2% e +0,8%), ampliando o crescimento acumulado em 12 meses para +1,8%. Dentre as suas aberturas (tabela 1), destacaram-se grandes expansões marginais de “tecidos, vestuário e calçados” e de “móveis e eletrodomésticos”, em grande medida compensando as contrações observadas ao final do ano passado. As vendas em “hipermercados e supermercados” também seguem consistentes, com expansão marginal sequencial. Como nota negativa, as vendas de combustíveis e lubrificantes voltaram a contrair em janeiro, tendo dificuldade de manter expansão consistente. No agregado, as vendas no varejo restrito começam o ano com um tom mais posiitivo do que o observado ao final de 2023 (gráfico 1), mas ainda é cedo para afirmar se retomamos uma tendência ascendente.

As boas notícias do varejo restrito também foram observadas na métrica ampliada, com crescimento marginal de +2,4% e expansão interanual de +6,8%. Tal como no varejo restrito, os resultados foram sensivelmente superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente +0,4% e +3,4%), implicando em aceleração do crescimento acumulado em 12 meses para +2,9%. Na margem (tabela 1), as vendas automotivas recuperaram parte da queda observada em dezembro, ao passo em que as vendas de materiias de construção ficaram virutalmente estáveis. Destaque, também, para o crescimento interanual do “atacarejo”, reforçando o impulso de demanda no início de 2024. No nível, ajustado sazonalmente, os comentários são equivalentes aos feitos para o varejo restrito (gráfico 1): o número de janeiro foi bom, mas ainda é cedo para dizer se representa o início de uma nova dinâmica mais favorável.

Em conclusão, é importante observar o comportamento das vendas no varejo em função das recentes, e crescentes, escolhas de política econômica. Haverá impulso à demanda, e isso deve se refletir, de alguma forma, nos indicadoes de vendas. Esperamos agora a divulgação do desempenho dos serviços, para traçarmos uma figura mais precisa sobre o comportamento da absorção neste início de 2024.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)