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Vendas no varejo (mar/24): Menos vigor

Bottom line: As vendas no varejo mostraram pouco vigor em março, com tom mais negativo que deve desidratar as visões mais otimistas a respeito do desempenho da demanda no início de 2024.

Interrompendo uma sequência de expansões marginais, as vendas no varejo restrito permaneceram estáveis em março, consistente com um avanço interanual de +5,7%. A divulgação superou o consenso de mercado (-0,3% e +5,2%, respectivamente), levando o crescimento acumulado em 12 meses a acelerar para 2,5%. A composição do resultado teve um tom pior que o headline (tabela 1), com contrações marginais em quase todas as categorias de vendas. Destaque negativo em “móveis e eletrodomésticos”, mais que devolvendo a expansão do mês anterior.

O tom mais negativo ficou ainda mais claro no varejo ampliado, com contração marginal de -0,3% no mês, sendo consistente com queda interanual de -1,5%. Ambas as leituras frustraram as expectativas de mercado (respectivamente, +0,7% e +0,6%), implicando em desaceleração do crescimento acumulado em 12 meses para +2,9%. Tal como no restrito, as aberturas foram fracas na margem (tabela 1), com forte contração de automotores e contínua contração marginal nos materiais de construção.

Em conclusão, os resultados de março sugerem certa estagnação da retomada das vendas no varejo ao fim do trimestre, interrompendo a retomada observada nos últimos meses (gráfico 1). O tom mais negativo é um sinal de alerta para os mais otimistas, e deve colocar um freio nas revisões positivas de crescimento que observamos nos últimos meses. Para as divulgações futuras, é razoável esperar alguma contaminação derivada das enchentes no Rio Grande do Sul, em magnitude que ainda precisa ser avaliada.

Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)

Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)