08/12/2022
Bottom line: As vendas no varejo vieram alinhadas ao esperado em outubro, especialmente na métrica marginal. Ainda há impulso derivado das medidas pré-eleitorais, mas emerge certa moderação no crescimento das vendas. O resultado não modifica a nossa avaliação prospectiva. Seguimos projetando crescimento do PIB de +3,2% em 2022 e de +0,5% em 2023.
Ao contrário do observado nos últimos meses, as vendas no varejo vieram alinhadas ao esperado em outubro, especialmente na métrica marginal (frente ao mês anterior, na série ajustada sazonalmente). Ainda parece ocorrer impulso derivado das medidas de maximização de renda implementadas pelo governo no período pré-eleitoral. Há, no entanto, certo tom de moderação no crescimento das vendas, em padrão que deve se manter até o fim de 2022.
O varejo restrito avançou +0,4% em outubro, desempenho consistente com uma expansão interanual de +2,7%. A margem foi alinhada ao esperado pelo mercado, ao passo em que o desempenho interanual foi mais forte do que o esperado (+2,4%). Note-se, também, que tivemos nova revisão positiva da série histórica – em setembro, a expansão marginal passou de +1,1% a +1,2%. No acumulado em 12 meses, o varejo restrito passou à expansão de +0,1%, interrompendo uma longa sequência de contração (tabela 1). A despeito do crescimento na margem, a composição do varejo restrito já foi menos positiva em outubro, com contração em três de suas oito categorias. Destaque negativo para as vendas de vestuários, com queda pronunciada pelo segundo mês consecutivo. Em nível (ajustado sazonalmente), o indicador de varejo restrito avança, ainda que com sinais de moderação na segunda derivada do crescimento (gráfico 1).
Já o varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) registrou crescimento de +0,5% na margem, consistente com expansão interanual de +0,3% – resultado marginal alinhado ao esperado pelo mercado, mas com crescimento interanual inferior ao projetado pelos analistas (+0,8%). No acumulado em 12 meses, o varejo ampliado seguiu em contração, agora de -1,0% (tabela 1). O comportamento do indicador ampliado segue mais frágil que o do restrito, o que faz sentido dado que automóveis e materiais de construção são mais “crédito-intensivos”. Na margem, ambas as categorias mostraram importante contração (de, respectivamente, -1,7% e -3,5%). Em nível (ajustado sazonalmente), o varejo ampliado se encontra no mesmo patamar observado ao final de 2019 (gráfico 1).
Em conclusão, o comportamento do varejo segue alinhado à nossa visão do cenário prospectivo. Seguimos projetando expansão do PIB de +3,2% em 2022 e de +0,5% em 2023.
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)