09/11/2022
Bottom line: Pelo segundo mês consecutivo, as vendas no varejo surpreenderam positivamente, dando um tom mais otimista para a atividade no curto prazo. Há questões pontuais em operação, ligadas aos impulsos de renda do período pré-eleitoral, mas também há efeitos mais persistentes (até o início do ano que vem, pelo menos) oriundos das mudanças tributárias implementadas nos últimos meses. Há viés de alta para as nossas projeções de PIB, especialmente para o crescimento de 2022.
Pelo segundo mês consecutivo, as vendas no varejo surpreenderam positivamente, dando um tom mais otimista para a atividade no curto prazo. Há questões pontuais em operação, ligadas aos impulsos de renda do período pré-eleitoral (efeito nominal), mas também há efeitos mais persistentes (até o início do ano que vem, pelo menos) oriundos das mudanças tributárias implementadas nos últimos meses (efeito real).
O varejo restrito avançou +1,1% em setembro, desempenho consistente com uma expansão interanual de +3,2%. Ambos os resultados foram sensivelmente mais fortes do que o esperado pelo mercado (respectivamente, +0,3% e +1,8%), com revisão positiva da série histórica – em agosto, passamos de contração marginal de -0,1% para expansão marginal de +0,1%. No acumulado em 12 meses, o varejo restrito reduziu a sua contração para -0,7% (tabela 1). Note-se, também, que pelo segundo mês consecutivo, a composição do indicador foi benigna: com exceção de “móveis e eletrodomésticos” e “outros artigos pessoais”, todas as aberturas registraram expansão na margem. Em nível (ajustado sazonalmente), o indicador de varejo restrito avança, ainda que o seu patamar só esteja um pouco acima do observado ao final de 2019 (gráfico 1).
Já o varejo ampliado (que inclui material de construção e veículos, partes e peças) registrou crescimento de +1,5% na margem, consistente com expansão interanual de +1,0% – novamente, resultados bem superiores ao esperado pelo mercado (respectivamente, +0,7% e +0,3%). No acumulado em 12 meses, o varejo ampliado também reduziu a sua contração, agora para -1,6% (tabela 1). Mesmo com a melhora recente, o comportamento do indicador ampliado segue mais frágil – o que faz todo o sentido, na medida em que automóveis e materiais de construção são mais “crédito-intensivos” e menos sensíveis a choques pontuais na renda disponível. Em nível (ajustado sazonalmente), o varejo ampliado se aproxima do patamar observado ao final de 2019, mas essa convergência se dá “por baixo” (gráfico 1).
Em conclusão, o comportamento do varejo sugere uma reavaliação positiva da demanda por bens durante o 2022.T3 – dando assim, viés positivo para as nossas projeções atuais, de expansão do PIB de +2,6% em 2022 e de +0,5% em 2023 (mais no primeiro caso do que no segundo). Faremos revisões após a divulgação da pesquisa mensal de serviços, ao fim desta semana.
Tabela 1: Pesquisa mensal do comércio (PMC)
Gráfico 1: Vendas no varejo (dez/19=100, ajustado sazonalmente)